Em valores corrigidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) gastaram mais no cartão corporativo, durante os respectivos mandatos, do que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Secretaria-Geral da Presidência da República divulgou os dados nesta quinta-feira.
Se considerados os valores corrigidos pelo IPCA, índice oficial de inflação, Lula, durante o primeiro mandato (2003-2006), gastou R$ 59 milhões. No segundo (2007-2010), usou mais R$ 47,9 milhões.
Dilma, nos primeiros quatro anos de governo (2011-2014) gastou R$ 42,3 milhões no cartão corporativo. O segundo mandato dela, interrompido pelo impeachment, mostra que foram usados R$ 25,4 milhões, incluídos os dois anos seguintes, em que Michel Temer (MDB) assumiu o Palácio do Planalto. Já Bolsonaro gastou R$ 30,8 milhões — quase metade do valor do primeiro mandato de Lula. Os valores foram atualizados por meio do portal do Banco Central do Brasil, considerando a inflação oficial — IPCA — acumulada de dezembro de cada ano a dezembro de 2022.
Confira os valores atualizados:
2003: R$ 15.551.236,15
2004: R$ 17.805.120,67
2005: R$ 13.336.261,81
2006: R$ 12.383.061,14
Total 2003-2006: R$ 59.075.679,77
2007: R$ 9.211.135,70
2008: R$ 13.655.315,40
2009: R$ 11.712.022,36
2010: R$ 13.365.141,88
Total 2007-2010: R$ 47.943.615,34
2011: R$ 8.763.742,99
2012: R$ 8.329.534,39
2013: R$ 10.312.360,98
2014: R$ 14.954.180,77
Total 2011-2014: R$ 42.359.819,13
2015: R$ 8.301.883,54
2016: R$ 5.700.181,02
2017: R$ 5.295.239,43
2018: R$ 6.185.600,76
Total 2015-2018: R$ 25.482.904,75
2019: R$ 6.625.117,90
2020: R$ 8.630.872,67
2021: R$ 10.572.370,30
2022: R$ 5.034.088,58
Total 2019-2022: R$ 30.862.449,45
A reportagem do R7 entrou em contato com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República para comentar os dados e aguarda retorno.
Entenda o motivo da divulgação
O governo federal tornou público, nesta quinta-feira, os gastos com o cartão corporativo dos ex-presidentes da República entre 2003 e 2022. Regido por um decreto federal, o cartão de gastos do governo é utilizado para pagamento de despesas materiais e prestação de serviços, como hospedagem, transporte e alimentação, por exemplo.
Segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, a liberação dessas informações – que abrangem os mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), Dilma Rousseff (2011-2016), Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019-2022) – atende uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), tomada em novembro do ano passado. Desde 2017, segundo o ministro, a corte de contas discutia a forma de divulgação dessas informações.
Pela Lei de Acesso à Informação, os dados que coloquem em risco o presidente e vice-presidente, incluindo cônjuges e familiares, deve ser mantido sob sigilo até o término do mandato.
“O Acórdão [do TCU] do dia 30/11 determinou que a divulgação deve ser feita e com transparência ativa, portanto, publicada no site de transparência do governo”, explicou Pimenta.
Para cumprir a determinação, o governo anterior havia disponibilizado os dados até 2018, no fim de dezembro. Já em dia 6 de janeiro, com o término do mandato de Bolsonaro, também foram incluídos os dados do período 2019 a 2022.
A disponibilização dos números também é decorrente de um pedido da agência Fiquem Sabendo – especializada no acesso a informações públicas -, acrescentou a Secom.