O governo federal, por meio do Ministério da Justiça, identificou financiadores dos atos antidemocráticos em 10 estados, disse hoje o ministro titular da pasta, Flávio Dino. Ele concedeu entrevista à imprensa, na tarde desta segunda-feira, no Palácio da Justiça, em Brasília.
O ministro não apresentou, contudo, detalhes sobre as unidades federativas onde essa identificação já ocorreu. Dino ressaltou, porém, que não há dúvidas da ação de financiadores por trás das ações de vandalismo, que incluem a invasão da sede da Polícia Federal e o quebra-quebra na área central de Brasília, em 12 de dezembro, a ameaça de explosão de uma bomba nas proximidades do aeroporto da capital federal, na véspera de Natal, e as depredações das sedes dos três Poderes, nesse domingo.
Dino falou acompanhado dos delegados-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal, Antônio Fernando Oliveira e Andrei Rodrigues, respectivamente.
“Não é possível distinguir [de quais setores partiram os financiamentos], mas houve, sim, cabalmente, financiamento. Temos a relação dos contratantes dos ônibus, que serão chamados a prestar esclarecimentos”, afirmou Dino.
Ele afirmou que não há, até o momento, nenhum elemento capaz de responsabilizar juridicamente o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Na avaliação do ministro, ainda não é possível saber se houve crime ou erro. No entanto, os comandantes das polícias da capital do país, principalmente da Polícia Militar, serão revistos pelo interventor federal.
Ele rechaçou a hipótese de que o governo federal tenha subestimado as ameaças de extremistas, chamou os atos de tentativa de “golpe de Estado” e afirmou que “o pior já passou”.
“Lidamos com isso desde antes da posse [presidencial, em 1º de janeiro]. Não houve minimização do que ocorreria, tanto que agimos e há pessoas presas, inclusive financiadores. Nunca minimizamos o terrorismo. Agimos com os meios disponíveis, que não são os ideais. Não estamos operando em uma situação de normalidade institucional. Há valores exóticos na sociedade, inclusive nas instituições de Estado. As fotos estão aí. É nestas condições difíceis que atuamos. Estamos agindo contra o terrorismo desde antes da posse”, declarou.
Houve, na avaliação de Dino, um conjunto de crimes nos episódios desse domingo, de destruição na Praça dos Três Poderes. “Golpe de estado; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; dano qualificado, por ser patrimônio público tombado; associação criminosa, e lesões corporais”, elencou. “Alguns acreditavam que, a partir daqueles eventos, se produzisse um quadro de anomalia e uma situação propícia para novas aventuras, o que não ocorreu. O pior passou”, avaliou.
Dino destacou que ao agir nos termos da lei, com responsabilização penal e cível dos envolvidos, o governo busca dois objetivos principais: punir quem infringiu a lei e agir preventivamente. “Não vamos transigir no cumprimento dos deveres legais. Isso é essencial para que tais eventos não se repitam”, completou.
Canal de denúncias já recebeu 13 mil manifestações
O e-mail aberto pelo Ministério da Justiça, na manhã desta segunda, para recebimento de denúncias acerca dos autores dos atos antidemocráticos recebeu, até o momento, mais de 13 mil manifestações.
O endereço [email protected] recebe denúncias, informações e pistas sobre os vândalos que invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).