Porto Alegre sanciona lei que cria mês de conscientização sobre nanismo

Legislação insere Outubro Verde no calendário da capital

Foto: Guilherme Almeida/CP

O prefeito Sebastião Melo (MDB) sancionou, nesta terça-feira, o projeto de lei de autoria do vereador Alvoni Medina (Republicanos) que insere o Outubro Verde, mês de valorização e defesa das pessoas com nanismo, no Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre. A medida busca conscientizar a população e combater o preconceito contra pessoas que possuem o transtorno de crescimento.

O dia 25 de outubro é um marco mundial na valorização de políticas públicas de inclusão e acessibilidade. Conforme Medina, é preciso valorizar, inclusive com a busca da efetivação de direitos, a individualidade e capacidade intelectual desses cidadãos. “O nanismo pode ser detectado ainda na gestação e a estimativa é que a cada 20 mil nascimentos, uma criança nasça com algum tipo de nanismo no Brasil. Sendo assim, é extremamente importante que se inclua as demandas dessa parcela da população no debate público da capital”, afirmou.

Para o prefeito, é fundamental traduzir a lei em ações práticas que impactem diretamente na vida dos cidadãos. “A sanção é um passo importante, mas precisa vir para a parte prática. A conscientização é o primeiro caminho para a tomada de atitude que deve passar pelo poder público implementar ações que assegurem mais bem-estar e inclusão”, completa Melo.

Caminho da educação
Para a delegada da Associação de Nanismo Brasil (Annabra) no RS, Vélvit Severo, a educação é o caminho para que a conscientização aconteça na prática. “Assim, crianças e jovens se tornarão adultos que respeitarão a diversidade, para que haja inclusão e que todos sejam vistos com naturalidade”, ressaltou. Segundo ela, são políticas públicas efetivas que poderão transformar esse desejo em realidade. “O nanismo é a única deficiência ainda invisível aos olhos da sociedade. Precisamos de um mapeamento para que possamos enxergar essa parcela da população”, opinou Vélvit.

A jornalista Lelei Teixeira teve o nome escolhido para ser embaixadora e representante do movimento no Rio Grande do Sul. Visivelmente emocionada ao ser surpreendida com o convite, a autora do livro “E Fomos Ser Gauche na Vida”, considerado um manifesto pela inclusão, relembrou a trajetória de vida. “É uma luta que levo desde que tive a consciência do nanismo, na juventude, junto com a minha irmã, já falecida. Fomos muito guerreiras, enfrentamos preconceito. Minha mãe ouvia que precisava esconder as filhas para que ‘ninguém visse’”, recorda. Lelei, no entanto, lembra que sempre teve uma família acolhedora. “Meus pais nunca tiveram medo, essa energia tive de berço”, contou a jornalista.

A solenidade contou com a participação de outras pessoas com nanismo e integrantes do governo municipal, que se reunirão para debater quais os maiores problemas a fim de buscarem soluções para a causa na capital.