A Polícia Civil confirmou, nesta segunda feira, a abertura de um inquérito para investigar o suposto crime de racismo cometido contra o cantor Seu Jorge, de 52 anos, durante um show ocorrido na noite de 14 de outubro, no Clube Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. A investigação teve início após vídeos, gravados na plateia, registrarem parte do público chamando o artista de ‘macaco’.
“Nesse crime de racismo, mesmo que a vítima direta tenha sido o cantor Seu Jorge, podemos abrir a investigação pois a ofensa atinge toda uma coletividade. No caso, a comunidade negra”, declarou a delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), à Rádio Guaíba. “Em um dos vídeos que recebi, dá ouvir a palavra ‘macaco’ sendo proferida, mais de uma vez e por mais de uma pessoa”, confirmou.
De acordo com a delegada, hoje foram solicitadas as imagens das câmeras de segurança do clube. Testemunhas devem ser ouvidas ao longo da semana. Ela afirmou à reportagem que a assessoria do artista está ciente da abertura do inquérito e decidiu não se manifestar sobre o ocorrido.
Os ataques começaram após uma manifestação do cantor contra a redução da maioridade penal, defendida pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). No discurso, Seu Jorge fazia referência à defesa de jovens negros de comunidades pobres ao justificar o posicionamento.
