Amazônia registra maior número de focos de incêndio em junho em 15 anos, aponta Inpe

Dados somam 2.562 casos, maior quantidade desde 2007

Queimadas na Amazônia - Foto: Carl de Souza / Arquivo CP

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam 2.562 focos de queimada na Amazônia no último mês de junho, um aumento de 11% em comparação ao mesmo mês de 2021. A quantidade de focos é a maior registrada para o mês desde 2007, quando os satélites do instituto captaram 3.519 focos de incêndio.

Os números de junho seguem a tendência de aumento já registrado em maio, quando o Inpe computou 2.287 focos de queimada no bioma, a maior quantidade no mês desde 2004. Mato Grosso e Pará lideram o ranking dos estados, com 64,5% e 21,7% dos focos. No Cerrado, foram observados 4.239 focos de incêndio, o maior número do mês desde 2010. No Pantanal, houve um aumento de 17% em relação a junho do ano passado.

O uso de fogo em território nacional está proibido por 120 dias desde 23 de junho, devido ao período de seca. Ainda assim, o Inpe observou 1.113 focos na Amazônia desde a data.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, comentou o cenário, dizendo que já foi iniciada a convocação de brigadistas. “Na verdade, são focos de calor. Então, o dado que nós temos do último relatório, temos hoje sete queimadas na Amazônia toda, o resto são fontes de calor”, afirmou.

Porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti afirmou que “a estação seca mal começou e a Amazônia já está batendo novos recordes na destruição ambiental”. “O ocorrido não surpreende visto que a região está sob intensa ameaça, com altos níveis de ilegalidade que continuam devastando grandes áreas e vidas. Esse cenário se fortaleceu nos últimos três anos na Amazônia como resultado direto de uma política aplicada com êxito que facilita e estimula o crime ambiental”, diz.

Mais desmatamento

Além da alta de incêndio, dados do Inpe mostram que o número de alertas de desmatamento na Amazônia Legal de janeiro a junho deste ano é o maior em sete anos, com 3.750 km² de floresta derrubada. No primeiro semestre do ano passado, o número foi de 3.605 km², o que representa um aumento de 4%.