Operação da Polícia Civil contra lavagem de dinheiro prende 15 e apreende R$ 125 mil em dinheiro

Trabalho investigativo apontou existência de células interligadas em dez estados, com sofisticada lavagem de capitais através do sistema financeiro nacional

Foto: PC / Divulgação / CP

A operação Pegasus, do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil, contabilizou nesta quarta-feira a prisão de 15 criminosos e a apreensão de R$ 125 mil em dinheiro, três armas de fogo, munição, cheques, pesos e dólares. Também foram apreendidos outros materiais como documentos, drogas, pacotes de pinos vazios e telefones celulares. A ofensiva, que ocorreu ao amanhecer com 400 agentes cumprindo 502 ordens judiciais em 10 estados, busca combater a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas estadual e nacional, envolvendo duas facções gaúchas e uma paulista.

A operação teve ainda 21 prisões preventivas e temporárias executadas, além de 63 mandados de busca e apreensão contra 58 investigados, no total. Houve quebras de sigilo bancário, fiscal e financeiro, bursátil e telemático, além de bloqueio de ativos financeiros/mobiliários em 41 exchanges de criptomoedas e na bolsa de valores.

O trabalho investigativo apontou a existência de células interligadas em dez estados, com uma sofisticada lavagem de capitais através do sistema financeiro nacional. Empresas reais faziam parte do esquema, juntamente com cinco doleiros que sozinhos movimentaram R$ 30 milhões. No período de apuração dos agentes do Denarc, um grande operador logístico gaúcho e financeiro já havia sido preso com 1,5 tonelada de maconha e R$ 500 mil. Suspeita-se que somente ele tenha movimentado cerca de oito toneladas de drogas ao Rio Grande do Sul, através de uma transportadora de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.

Outro alvo, um gerente financeiro de São Paulo, movimentou R$ 55 milhões em seis meses em contas pessoa física e jurídica, além de manusear as contas de empresas em Ponta Porã.

As facções gaúchas Os Manos e V7 associaram-se à facção Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, para a distribuição maciça de cocaína e maconha no Rio Grande do Sul, além de exportação de drogas pelo porto de Rio Grande. A suspeita é de que as três organizações do crime integrem uma rede nacional de lavagem de dinheiro do narcotráfico interestadual, com a respectiva distribuição do lucro.

Em Porto Alegre, o diretor de investigação do Denarc, delegado Alencar Carraro, enfatizou a importância da operação por envolver valores muito altos do narcotráfico. Ele citou que, em apenas um ano, a movimentação financeira resultou em quase R$ 348 milhões, após análise de cerca de 101.800 transações bancárias no período.

“Trata-se de um esquema absolutamente complexo, com remessa e tentativa de branqueamento de capitais, sendo que uma parte retorna ao Rio Grande do Sul”, complementou. Ele lembrou ainda que a facção de São Paulo coordena a remessa de cocaína para Europa, utilizando sobretudo três portos da região Sul do Brasil. O porto de Rio Grande é um deles – por isso, a parceria com as facções gaúchas.

A investigação iniciada há um ano teve à frente a Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DRLD), sob comando do delegado Adriano Nonnenmacher.