Multicampeão como jogador atuando pela lateral-esquerda, o técnico Roger Machado viveu uma emoção inédita ao levar o Grêmio aopentacampeonato gaúcho neste sábado, vencido sobre o Ypiranga, na Arena, por 1 a 0. Este é seu primeiro troféu como treinador pelo clube onde iniciou sua trajetória na casamata, passando pelo cargo de auxiliar, iniciado em 2011, até assumir o time profissional em 2015 e instaurar o modelo de jogo campeão da Copa do Brasil e da Libertadores com Renato Portaluppi.
Ironicamente, a vitória de Roger acontece em um contexto distinto do encontrado em maio de 2015. Ainda que desacreditado pelo longo jejum sem títulos e em má fase, o time gremista contava com atletas como Maicon, Luan, Giuliano, Pedro Rocha, Geromel e Walace na “espinha dorsal” do elenco. Pelas peças, o treinador optou pelo 4-2-3-1 e por uma proposta ofensiva e de controle da posse da bola que foi levada até os melhores momentos do time de Renato. Neste modelo, conduziu o elenco tricolor ao terceiro lugar do Brasileirão e ficou marcado pelo histórico Gre-Nal dos 5 x 0.
Apesar disso, faltou a “taça” pelo clube que o projetou para o futebol mundial. Na Copa do Brasil, na Libertadores e também no Gauchão, o comandante não obteve sucesso e nem sequer alcançou as fases finais. Com o sentimento de que não poderia entregar mais, o treinador pediu demissão em agosto de 2016 e adiou o sonho de ser campeão na casamata gremista.
Em seu retorno, Roger conviveu com um cenário crítico para uma equipe do porte do Grêmio. Com o clube na Série B e autoestima baixa pelos inúmeros insucessos colecionados ao longo dos últimos meses, o treinador representou uma mudança de astral e alternativas dentro do time. Especialmente na relação com o torcedor, que viu a “continuidade” imperar depois de consumar seu terceiro rebaixamento, com treinador e departamento de futebol sendo mantidos.
Velocidade e intensidade
Contratado em fevereiro para substituir um já questionado Vagner Mancini, Roger sofreu no começo, viu seu time ser eliminado da Copa do Brasil, mas conseguiu reagrupar o elenco e encontrar uma maneira confortável de atuar com o passar das partidas. Mais experiente após passagens pelo Atlético Mineiro, Palmeiras, Bahia e Fluminense, o técnico ampliou seu almanaque de opções de jogo e como melhor aproveitar as virtudes dos atletas que tem à disposição.
No novo Grêmio de Roger, a posse de bola e controle deram espaço a um time vertical, intenso e que não faz questão de ter o domínio ao longo de toda a partida. Foi assim que conquistou suas principais vitórias nesta campanha do pentacampeonato estadual. Sendo o 3 a 0 no Inter em pleno estádio Beira-Rio a mais emblemática. Ali, o modelo foi implementado perfeitamente com o time gremista desperdiçando chances de até ampliar o já largo score.
Na decisão contra um organizado Ypiranga de Erechim, a ideia se repetiu. Sempre que buscou o ataque, foi de maneira organizada e em velocidade. Assim, o Grêmio foi o único time a vencer os finalistas no Colosso da Lagoa e sacramentou o título com vitória na Arena. A mudança de atuação desde a chegada do novo treinador também contou com a participação dos meninos da base, como Gabriel Silva, Elias e Bitello, em quem o treinador confiou a titularidade em diversos momentos. Além disso, as escolhas pela improvisação do zagueiro Rodrigues na lateral, a fixação de Villasanti como primeiro homem no meio e um meia Campaz com maior mobilidade e liberdade deram mais dinamismo e elevaram o nível de atuação dos atletas.