A presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Schurer, voltou a criticar o reajuste de 32% dado pelo governo estadual ao magistério. A manifestação ocorreu durante a realização da Assembleia Geral da categoria, realizada em frente ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, na tarde desta sexta-feira.
No local, Helenir classificou o reajuste dado pelo Piratini como uma “verdadeira farsa”, já que não contempla os funcionários de escolas, que já recebem um salário menor.
“Nós temos mais de 12 mil funcionários que ganham R$ 620, portanto não ganharam nada. Agora, o governo ofereceu 6% [reajuste geral proposto ao funcionalismo] e isso não vai influenciar em absolutamente nada. Como eles ganham completivo para completar o salário mínimo regional, esses 6% só serão descontados deste completivo, mas no final do contracheque nada vai mudar. Então, não é possível (…). Nós temos colegas em Pelotas, onde uma diretora nos relatou ontem que os funcionários têm de optar se usam ônibus para ir à escola ou para se alimentar”, ressaltou.
Durante a assembleia, a entidade definiu 14 propostas de mobilização. Entre elas, uma carta-compromisso para os candidatos ao governo gaúcho, com objetivo de que o próximo chefe do Executivo firme um compromisso para resgatar perdas, superiores a 50%, que a categoria teve nos últimos 8 anos, além da realização imediata de concurso para o magistério, já aprovado pela Assembleia, e para especialistas e funcionários de escola.
O movimento convocado pelo Cpers-Sindicato também classificou o ex-governador Eduardo Leite como “o que mais mentiu na história do Rio Grande do Sul”.
“O governador mentiu para a sociedade gaúcha, quando até colocou propaganda na televisão, dizendo que deu 32% para os professores. Não é verdade. Somente 14% ganharam mais de 30%… 86% da categoria não ganhou mais do que esse percentual. E uma boa parte, quase 32 mil, ganharam 5,53%. O restante o governo tirou do nosso próprio contracheque. Isso é uma vergonha”, pontuou Helenir.
Além da assembleia, os sindicalistas realizaram uma caminhada até o Palácio Piratini, no fim da tarde. Na ocasião, os servidores estaduais da Educação se juntaram com demais entidades sindicais para protestar contra o reajuste de 6% nos salários dos servidores, proposto pelo governo gaúcho no início da semana.
Magistério
O projeto de reajuste para o magistério, aprovado pela Assembleia Legislativa em dezembro do ano passado, estabeleceu um reajuste de 32% na tabela inteira do subsídio dos profissionais, porém com variações entre ativos e inativos, o que contrariou o Cpers. Para receberem reajuste, os professores perderam parte da chamada parcela de irredutibilidade do salário, aprovada no ano passado pela Assembleia. Na prática, o aumento médio real para ativos passou de 22,5% para 22,7%, e para os inativos, de 6,15% para 7,9%.
Após a alteração do texto através de um substitutivo, o governo do Estado também garantiu um reajuste mínimo aos professores com mais vantagens de carreira e absorção maior, pelo reajuste, da parcela de irredutibilidade. Com isso, 30 mil inativos sem ganhos e mais 15 mil com ganhos inferiores a 5% no texto original tiveram aumento de 5,53% – mesmo índice aplicado ao salário mínimo regional.
Nacionalmente, o governo federal havia determinado um reajuste, no piso nacional da categoria, de 33,23%. Como o reajuste da tabela, no Rio Grande do Sul, não contemplou todos os docentes com o mesmo percentual, parte deles, na prática, ainda recebe abaixo do piso nacional, em função de descontos na folha. De acordo com o Cpers, esse cenário também não vai mudar se a Assembleia aprovar o reajuste geral de 6%, proposto pelo governo gaúcho no início da semana.