O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil suspeita que o armamento pesado, munições explosivos, coletes balísticos e roupas camufladas, apreendidos durante uma operação em Sapiranga, poderiam ser utilizados em um ataque a banco ou carro-forte nos próximos dias. “Não posso afirmar com 100% de certeza, mas os indícios são bem fortes neste sentido…por todas as características do material”, avaliou na manhã desta sexta-feira o diretor da Divisão de Investigações do Denarc, delegado Carlos Wendt, ao Correio do Povo.
A reportagem do CP apurou que a facção criminosa Os Manos, sediada na região do Vale dos Sinos, é a responsável pelo arsenal e explosivos. “Eles começaram roubo a banco, depois é que foram para o tráfico de drogas”, recordou o delegado Carlos Wendt. “De vez em quando eles precisam se capitalizar…”, observou.
“A quantidade de explosivos seria suficiente para uma cidade pequena sacudir…”, calculou. O delegado Carlos Wendt já adiantou que o Denarc está trocando informações com a 1ª DP de Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil. Um dos próximos passos do trabalho investigativo será apurar a origem de todo o material.
A apreensão, avaliada em mais de R$ 150 mil, foi realizada durante uma operação sob comando do delegado Alencar Carraro, que começou na tarde dessa quinta-feira e encerrou na madrugada desta sexta-feira no bairro Vila Irma, em Sapiranga.
Em um imóvel, os policiais civis encontraram um fuzil calibre 556, quatro pistolas calibres nove milímetros, uma espingarda semiautomática calibre 12, um revólver calibre 38, nove emulsões explosivas que pesam mais de 15 quilos, cinco coletes balísticos, um kit roni que transforma pistola em submetralhadora com mira laser e lanterna, 27 carregadores, cerca de 400 munições de vários calibres, botas, coturnos e fardamentos com estampas de camuflagem. Cada arma e colete trazia uma prece.
A residência estava vazia no momento da ação policial. De acordo com o delegado Alencar Carraro, a casa foi monitorada a partir do recebimento de informações no início desta semana, após a apreensão de mais de dois quilos de cocaína no bairro Roselândia, em Novo Hamburgo.
Facção monitorada pelo Denarc
A mesma facção já tinha sido alvo de outras ações do Denarc. Em novembro do ano passado, os agentes descobriram um laboratório de refino de cocaína no bairro Alexandria, em Parobé. Três criminosos foram presos. Houve o recolhimento de mais de 130 quilos de cocaína e insumos, uma prensa industrial e um veículo, além de acessórios para produção e refino.
Já em fevereiro deste ano, os policiais civis recolheram quase 30 quilos de cocaína e seis quilos de crack, além de mais de 400 munições, no bairro Roselândia, em Novo Hamburgo. Na sequência, em Campo Bom, as equipes localizaram um depósito de drogas e apreenderam aproximadamente 215 quilos de maconha, 53 quilos de cocaína, 49 quilos de crack, uma pistola calibre nove milímetros, um veículo e balanças de precisão. Uma prisão foi efetuada.
Já em Esteio, na madrugada do último dia 17 deste mês, no bairro Parque Amador, os policiais civis do Denarc “estouraram” um outro laboratório de produção e refino de cocaína, com estrutura de produção industrial da droga. Houve a apreensão de 62 quilos de cocaína e insumos macacão, três pistolas calibre nove milímetros e uma carabina calibre 12, bem como material de proteção individual, prensas hidráulicas, balanças digitais e veículo.
À reportagem do Correio do Povo, o delegado Alencar Carraro destacou o “combate incessante às organizações criminosas, sobretudo lideranças, visando à diminuição de crimes graves”. Segundo ele, trata-se da “continuidade à incessante ação de combate ao narcotráfico e organizações criminosas em áreas conflagradas”.
“Próximos passos é investigação de lavagem de dinheiro dos principais alvos e encaminhar ao sistema penitenciário federal as lideranças que efetivamente atuem diretamente nos conflitos entre facções e que gerem crimes graves”, finalizou o delegado Alencar Carraro.
Para o diretor de investigações do Denarc, delegado Carlos Wendt, as ações objetivam dar uma “resposta à sociedade por meio do trabalho institucional desenvolvido”, resultando em “mais segurança e tranquilidade para a sociedade”.
O disque-denúncia do Denarc atende pelo telefone 08000-518.