A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) divulgou nota se manifestando sobre as dificuldades que os produtores de leite estão enfrentando devido às diferentes conjecturas dos últimos tempos. O presidente da entidade, Marcos Tang, destaca as estiagens repetitivas, a pandemia, a disparada do dólar e da inflação, o preço dos insumos e a alta nos preços dos fertilizantes, com possibilidade, inclusive, da falta dos mesmos. Observa que todas estas questões fazem com que os produtores tomem medidas que são insustentáveis a médio e longo prazo.
De acordo com Tang, para se manter na atividade, o produtor teve que investir e se aperfeiçoar, além de escalonar, ao máximo, a sua produção conforme às suas condições. “Porém, agora, mesmo este produtor que investiu e foi considerado eficiente, não tem mais margem para suportar o desbalanço entre custo de produção e remuneração. As medidas adotadas são insustentáveis com a atividade para médio e longo prazo, pois consistem em vender animais e parte da propriedade”, salienta, colocando que, no momento atual, este produtor ainda está precisando optar entre comprar fertilizante para a lavoura ou usar o dinheiro para aquisição de alimento já pronto para o gado.
O dirigente diz entender o cenário atual e a dificuldade que, na verdade, é mundial, mas salienta que a atividade leiteira exige investimentos contínuos e os retornos são de médio a longo prazo. “Criamos uma terneira hoje que só dará algum retorno, se tudo correr bem, em dois anos. Então, precisamos dividir o prejuízo entre todos na cadeia produtiva do leite. O produtor não pode ser extinto por esta avalanche negativa no setor”, pontua. Além disso, Tang também questiona porque “estamos tão mal preparados para exportar os nossos produtos lácteos, uma vez que, agora, o câmbio estaria favorável?”
O presidente da Gadolando lembra que há mais de dez anos repete que não adianta falar em fazer reservas para irrigação quando já está seco. “Temos que nos preparar para o futuro. Os tais novos mercados, onde estão? Parece que até teríamos estes mercados, mas poucos se habilitam. Do produtor foram exigidas uma série de medidas para produzir leite com qualidade e ele teve que se adaptar e investir”, afirma.
Tang conclui dizendo que sanidade e qualidade são fundamentais, mas pergunta se toda a cadeia evoluiu ou é o produtor que está obsoleto, ou se parte da indústria parou no tempo e só é capaz de fazer um produto para vender regionalmente. “É o que chamo de tema de casa, o do produtor é corrigido todo o dia quando uma amostra do leite é coletada do tanque. E aos demais, quando e quem vai cobrar a sua parte?”, questiona.