Prestes a prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, na próxima quarta-feira, o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, publicou um vídeo no Instagram fazendo uso de uma algema. Hang afirmou que vai estar disponível, durante toda a quarta-feira, e que pretende levar a algema ao Senado e entregar uma chave a cada senador para que o prendam caso não gostem do que ele disser.
“Gentileza gera gentileza, respeito gera respeito. Quero que eles façam as perguntas e eu tenha todo o tempo do mundo para responder. Toda quarta-feira vou estar disponível. Eu trabalho 24 horas por dia, então, eu vou ter todo o tempo do mundo. E, se, por um acaso, eles não aceitarem o que eu for falar, para não gastarem dinheiro com algema, já comprei uma algema e vou entregar uma chave a cada senador. E que me prendam”, afirmou.
Hang disse que está indo à comissão “com o peito aberto”. A convocação e a data do depoimento foram definidos após o caso da operadora Prevent Senior vir à tona. Médicos enviaram um dossiê à comissão alertando que a operadora usou medicamentos do chamado Kit Covid, como cloroquina e ivermectina, sem a anuência de pacientes. Os profissionais ainda denunciaram suposta subnotificação de óbitos pela doença nas unidades da Prevent.
No caso de Hang, os médicos informaram que a mãe dele, Regina Hang, teve a certidão de óbito fraudada para não constar no documento a informação de que teve Covid-19. Além disso, disseram que ela tomou medicamentos do Kit Covid uma unidade da Prevent Senior, sem que isso tenha sido divulgado. Na época da morte da mãe, o empresário gravou um vídeo defendendo o chamado “tratamento preventivo”.
Segundo Luciano Hang, Regina chegou ao hospital com quase 95% do pulmão comprometido, embora sem sintomas de Covid. “Ela estava assintomática e quando nós pegamos foi muito tarde. Eu me questiono: será que se eu tivesse feito o tratamento preventivo eu não teria salvado a minha mãe?”, questionou.
Gabinete paralelo
Os senadores também veem relação de Hang com o chamado ‘gabinete paralelo’, que conforme apurado pela comissão, assessorou o presidente Jair Bolsonaro com informações negacionistas no âmbito da pandemia.
Uma das integrantes desse gabinete, conforme a cúpula da CPI, era a médica Nise Yamaguchi. Os senadores apontaram que o gabinete, composto por pessoas que não fazem parte do governo, levou informações que atrapalharam o combate à Covid-19.