O Conselho Nacional de Saúde (CNS) publicou uma recomendação nesta sexta-feira para que o Ministério da Saúde não interrompa a vacinação dos adolescentes de 12 a 17 anos contra a Covid-19. O documento veio depois que o Ministério decidiu suspender a vacinação dessa faixa etária, divulgada em uma Nota Informativa, publicada no dia 15 de setembro, pela pasta, após rumores da morte de um jovem vacinado com a injeção da Pfizer. Posteriormente, foi divulgado que o menor morreu em decorrência de comorbidades de uma doença autoimune.
Para o coordenador da Comissão Intersetorial de Vigilância em Saúde, do CNS, Artur Custódio, a medida do Ministério da Saúde diminui a confiabilidade no Programa Nacional de Imunizações. “Não há critérios científicos nessa decisão do Ministério da Saúde. Temos que aumentar a cobertura vacinal. A vacina mostrou a que veio. A desaceleração da pandemia do Brasil mostra o efeito da vacina. É fundamental para a questão das escolas, das pessoas que moram com idosos, que a gente vacine os adolescentes”, esclareceu.
O documento do CNS destaca ainda que a vacinação é um direito da população brasileira e, apesar dos casos e óbitos estarem caindo, a taxa de transmissibilidade ainda é alta em diversas localidades do Brasil, “principalmente em virtude do surgimento de novas variantes do vírus”.
Uma Nota Informativa, publicada na quinta-feira pela Anvisa apontou que ainda “não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações da bula aprovada, destacadamente, quanto à indicação de uso da vacina da Pfizer na população entre 12 e 17 anos”. O documento lembra também que “todas as vacinas autorizadas no Brasil são monitoradas constantemente a partir da notificação de efeitos adversos e, que a aprovação do uso da vacina da Pfizer em adolescentes levou em consideração estudo realizado com 1.972 pessoas dessa faixa etária, com eficácia de 100% nos grupos avaliados.
Controle da pandemia em risco
Ainda segundo o texto, “ao implementar unilateralmente decisões sem respaldo técnico e científico, coloca-se em risco a principal ação de controle da pandemia”. E, “apesar de a vacinação ter levado a uma significativa redução de casos e óbitos, o Brasil ainda apresenta situação epidemiológica distante do que pode ser considerado como confortável. Além disso, ainda segundo o texto a vacinação dos adolescentes contribuiria muito para a meta de vacinar, no mínimo, 70% de toda a população para que a taxa de transmissão do SARS-Cov2 seja reduzida a ponto de controlar a pandemia.