Dimas Covas diz que país poderia ter sido 1º do mundo a vacinar contra Covid-19

Diretor do Instituto Butantan afirma que falta de contrato com Ministério da Saúde atrasou vacinação no país

Segundo Dimas Covas, o Instituto Butantan ofereceu, em julho de 2020, ao governo federal 60 milhões de doses para ser entregues no último trimestre do ano passado, mas não obteve resposta | Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado / Divulgação / CP

O diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira à CPI da Covid, que o instituto ofereceu, em julho de 2020, ao governo federal 60 milhões de doses para ser entregues no último trimestre do ano passado.

Ele disse não ter tido resposta. Em agosto, o Butantan pediu ajuda ao Ministério da Saúde para bancar os custos do estudo do desenvolvimento da CoronaVac e recursos para construir uma nova fábrica de imunizantes. “Todas essas iniciativas não tiveram resposta positiva. Diziam apenas que iriam avaliar, ver a situação epidemiológica do país.”

Em 7 de outubro, o Butantan ofereceu 100 milhões de doses. Destas, 46 milhões seriam produzidas até o fim de 2020.

Na abertura de seu discurso, Dimas Covas afirmou que o instituto é um dos mais importantes do mundo na área de imunização e fornece 10% de todas as vacinas contra a gripe no mundo.

O Butantan foi o primeiro laboratório a fornecer vacinas contra a Covid-19 no Brasil, em parceria com a fabricante chinesa Sinovac, e desde o ano passado trava negociações com o governo federal para o fornecimento da vacina para todo o país.

Recentemente, declarações do presidente Jair Bolsonaro teriam atrasado a entrega de insumos da China, essenciais para a fabricação da CoronaVac. Dimas Covas, ao comentar o assunto, disse que o governo federal tem “remado contra” a boa relação com a China.

O tema já foi destaque na CPI. No dia 19, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi questionado sobre as falas de Bolsonaro contrárias à aquisição da CoronaVac, ainda em 2020.

Segundo Pazuello, apesar de ele ter aparecido ao lado do presidente em vídeo e ter afirmado “um manda, outro obedece” após Bolsonaro cancelar protocolo de compra entre o Butantan e o governo federal, não houve ingerência ou ordens para que a compra não fosse efetuada.