Fiscalização resgata 16 homens em condições análogas à escravidão em Porto Alegre e São Leopoldo

Ação, que reuniu quatro órgãos, identificou que os trabalhadores foram aliciados no Maranhão para atuar em uma empresa do ramo de construções no Rio Grande do Sul 

Uma ação de fiscalização, que envolveu a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério da Economia (SIT), o Ministério Público do Trabalho (MPT-RS), a Polícia Federal (PF) e a Defensoria Pública da União (DPU), resgatou 16 trabalhadores que vinham sendo mantidos em condições análogas a escravidão no Rio Grande do Sul. De acordo com o MPT-RS, dez deles foram alocados em um empreendimento da empresa em Porto Alegre, e os outros seis em uma obra no município de São Leopoldo, no Vale do Sinos.

Ainda segundo o órgão, a operação, que ocorreu nesta semana, identificou que os homens, vindos do Maranhão, foram aliciados por uma agente e contratados mediante um processo de fraude para trabalhar em uma empresa do ramo de construções. A proposta, segundo o MPT-RS, consistia em uma promessa de ganhos entre R$ 3 mil a R$ 4 mil.

No entanto, ao chegarem em território gaúcho, no dia 1° de março, eles foram avisados sobre uma mudança na remuneração, que passou a estar atrelada a uma meta de produtividade, nunca alcançada. Conforme o MPT-RS, os trabalhadores recebiam um piso salarial, mas eram forçados a pagar a agente que os contratou e vinham sofrendo descontos em cobrança por uma “cesta básica”.

A SIT notificou a empresa a regularizar a situação e rescindir os contratos de trabalho dos 16 homens, com a apuração dos mesmos direitos devidos no caso de rescisão indireta. Determinou ainda que seja paga a diferença salarial entre o piso oferecido no momento do recrutamento/seleção e o que vinha sendo pago aos trabalhadores, bem como pagamento de Cartão Alimentação e dos créditos trabalhistas, além do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e da Contribuição Social correspondente ao tempo da atuação de cada trabalhador.

A construtora também deve garantir e custear o retorno dos trabalhadores ao Maranhão. Na tarde da próxima segunda-feira, uma audiência deve ser realizada para negociação de um Termo de Ajuste de Conduta entre a empresa e o MPT-RS.