Ernesto Araújo pede demissão em meio a crise diplomática e embate com Senado

Chanceler integrava a chamada ala ideológica do governo Jair Bolsonaro

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (29). Integrante da chamada ala ideológica do governo, o chanceler estava no cargo desde o início da atual gestão – mas não resistiu à pressão, inclusive do Centrão, que apoia o Planalto, em razão da política diplomática durante a pandemia.

O pedido para deixar o posto ocorreu após reunião com o secretariado. Araújo havia cancelado a agenda oficial desta segunda para conversar com os subordinados. Na semana passada, as críticas à atuação de Araújo no Itamaraty se intensificaram após senadores, durante audiência pública na última quarta-feira (24), terem pedido sua saída.

O chanceler foi questionado enquanto falava das dificuldades enfrentadas pelo Brasil para a compra de vacinas contra a covid-19. O desgaste continuou no dia seguinte, quando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), subiu ainda mais o tom, afirmando que a política externa é falha e precisa de mudanças, mas sem citar diretamente Araújo.

“Tivemos muito erros no enfrentamento dessa pandemia e um deles foi o não estabelecimento de uma relação diplomática de produtividade com diversos países que poderiam ser colaboradores nesse momento agudo de crise que nós temos no Brasil. Ainda está em tempo de mudar para poder salvar vidas”, declarou o parlamentar.

Na sexta-feira (26), a pressão se elevou com a nota pública da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP). A carta pede ao governo federal que demita o ministro, em função do seu “leque diverso de trapalhadas e atitudes destrutivas” e para que o Brasil “reverta a política externa desastrosa que vem adotando”.

Na tarde do domingo (28), o Ernesto Araújo publicou em suas redes sociais insinuação de que o negócio milionário da internet 5G estaria por trás dos ataques que sofreu de senadores na audiência pública de quarta. A atitude foi lida como clássica de um demissionário e irritou ainda mais os parlamentares.