O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, afirmou nesta sexta-feira que a pasta analisa a possibilidade de incorporar o antiviral remdesivir para tratamento de pacientes com Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS).
“O ministério está estudando os dados científicos recebidos do laboratório (Gilead Sciences) para uma análise segura e o mais breve possível para que possamos identificar os processos administrativos necessários para disponibilizar para o tratamento dos pacientes acometidos de Covid no estágio a que ele deve ser aplicado.”
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a droga para uso em alguns casos de Covid-19 somente em âmbito hospitalar.
Os pacientes devem ser adultos ou adolescentes acima de 12 anos; ter peso mínimo de 40 kg; estar hospitalizados com diagnóstico de Covid-19 confirmado; apresentar pneumonia causada pelo coronavíru, e necessitar de oxigênio suplementar (não é aplicado em pacientes com ventilação mecânica ou oxigenação por membrana extracorporal).
Fora do país, o tratamento padrão de cinco dias com remdesivir custa US$ 3.120 (cerca de R$ 17,3 mil no câmbio de hoje). No entanto, o valor no Brasil ainda precisa ser definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
O que é?
O remdesivir surgiu inicialmente para o tratamento da hepatite C, além de ter sido utilizado de forma experimental contra o ebola. Pesquisa em camundongos mostrou que o remédio tinha capacidade de combater a SARS (síndrome respiratória aguda grave) e a MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio), doenças provocadas por micro-organismos similares ao SARS-CoV-2.
A Anvisa levou em conta, para a aprovação, dados do estudo do medicamento mostrando uma redução do tempo médio de hospitalização em pacientes que fizeram uso do remdesivir.
Em um ensaio comparativo, pessoas internadas com Covid-19 que receberam a droga ficaram cerca de 10 dias no hospital, enquanto os que não receberam permaneceram por 15 dias.
A droga já teve uso aprovado nos Estados Unidos, Canadá, União Europeia e Austrália, entre outras regiões. Em outubro do ano passado, um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que o remdesivir não interfere no tempo de internação. Os resultados foram questionados pela Gilead.