Estudo mostra que variante amazônica do coronavírus já circula em Porto Alegre

Foram identificados 21 casos na capital. Em 13 deles, pesquisadores não conseguiram estabelecer contato com pessoas que tenham viajado

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O Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande Sul e a Diretoria de Vigilância em Saúde de Porto Alegre declararam transmissão comunitária da P.1, a chamada variante amazônica do novo coronavírus em Porto Alegre. A transmissão comunitária é aquela em que não é possível rastrear a origem da infecção, indicando que o vírus circula entre as pessoas, independente de terem viajado ou não para o exterior.

A identificação ocorreu em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os dados fazem parte de um projeto de pesquisa cujo objetivo era descrever o perfil genômico de amostras sequenciadas pelo laboratório da instituição.

Foram identificados 21 casos de pessoas residentes em Porto Alegre com a nova variante, considerada mais contagiosa que as demais e apontada como a responsável pelo colapso do sistema de saúde de Manaus, no Norte do país. Em 13 dos 21 casos, os pesquisadores não conseguiram estabelecer contato com pessoas que tenham viajado para localidades específicas – caracterizando a transmissão comunitária.

Em cinco casos, a investigação preliminar identificou relação com pessoas vindas de locais com circulação de P.1. Os demais três casos, todos envolvendo moradores de Porto Alegre, seguem em investigação quanto à fonte de infecção.

No boletim de monitoramento mais recente sobre o surgimento de variantes do Sars-Cov2, o Ministério da Saúde registrou 184 casos da variante amazônica no país, até 20 de fevereiro. O Rio Grande do Sul, até então, tinha nove casos da P.1. Os locais não foram detalhados pelas autoridades de saúde. Até o início da semana passada, só se sabia de uma ocorrência, envolvendo um morador de Gramado, na Serra, que faleceu.

Nesta terça-feira, as UTIs de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul operaram com mais de 100% de ocupação. Desde 12 de fevereiro, ao menos oito pessoas morreram vítimas da Covid-19 esperando remoção para um leito de UTI.

Variante

A P.1 ainda é alvo de estudos, mas pesquisas preliminares indicaram que, além de taxa de transmissão maior, a variante é mais resistente a vacinas e consegue reduzir a resposta imunológica adquirida por quem já contraiu a Covid-19 e se recuperou, podendo levar a reinfecções.