Provocada pelo TCE, Prefeitura de Porto Alegre suspende vacinação de profissionais de saúde

Em nota, SES recomenda vacinação em profissionais da saúde que trabalhem regular e presencialmente

Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

No mesmo dia em que o Tribunal de Contas do Estado pediu explicações e detalhes sobre os critérios usados para vacinar profissionais de saúde em Porto Alegre, a Prefeitura decidiu suspender o processo, que teve início com um mutirão organizado em parceria com as entidades de classe, no sábado passado. As doses vinham sendo aplicadas em médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, dentistas, psicólogos e profissionais de serviço social.

Em nota, a prefeitura salienta que tomou a decisão “diante das dificuldades para contemplar com justiça e segurança as diversas categorias de profissionais de saúde no processo de vacinação”. A partir desta quarta-feira, a ideia era seguir vacinando os associados a essas entidades no Centro de Saúde IAPI – o que agora fica sem prazo. A imunização continua em hospitais que receberam doses para imunizar as respectivas equipes.

O objetivo, conforme o município, é retomar a ação apenas quando houver “plenas condições de transparência” e “critérios claros de seleção, que eliminem qualquer possibilidade de favorecimentos, como os chamados fura-filas”. No comunicado, a Secretaria Municipal da Saúde promete fazer um “intenso trabalho com as entidades de classe para determinar um processo adequado de seleção e estabelecer um novo cronograma de vacinação”.

“É dever do Município conduzir este processo com toda transparência, evitando distorções que comprometam o programa de vacinação que é baseado nos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, explica o secretário Mauro Sparta.

Procurada, mais cedo, para comentar o pedido de esclarecimentos do TCE, a prefeitura informou que as aplicações foram feitas através de cadastro prévio, sob responsabilidade das entidades de classe. “A SMS enfatiza que as listas dos profissionais foram elaboradas pelas entidades das categorias, conforme seus próprios critérios”, cita a nota emitida pela Pasta no início da tarde.

SES recomenda vacinação em profissionais da saúde que trabalhem regular e presencialmente

Também nesta terça-feira, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) recomendou aos municípios que, nesta etapa da campanha de vacinação, sejam imunizados os profissionais da saúde que trabalhem regular e presencialmente, em especial aqueles que tenham contato direto com pacientes suspeitos ou confirmados de Covid-19 e ainda não receberam a primeira dose, além dos idosos com 85 anos ou mais.

“Entendemos a ansiedade da população em querer se vacinar e desejamos poder atender a todos, mas este é um recurso escasso e precisamos ter critérios claros e objetivos”, enfatiza a secretária da Saúde, Arita Bergmann.

A Pasta esclarece que aguarda posição do Ministério da Saúde, acionado ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para dar mais transparência à lista de grupos prioritários e à extratificação das prioridades, mesmo dentro desses grupos, como o dos profissionais da saúde.

O diretor de Auditoria do SUS e integrante do Comitê de Dados do Rio Grande do Sul, Bruno Naundorf, reforça que os idosos (60 anos ou mais) são os mais propensos a morrer da doença. Entre todos os óbitos ocorridos em função da Covid-19, quase 82% tinham 60 anos ou mais.

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