“Se dermos R$ 5 mil por mês, ninguém trabalha”, diz Bolsonaro

Políticos de oposição pressionam o presidente pelo retorno do auxílio, que reduziu momentaneamente os índices de pobreza e desigualdade

Foto: José Dias / PR / CP

Pressionado a retomar o pagamento do auxílio emergencial, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sinalizou nesta quinta-feira a apoiadores que o governo federal não poderá continuar com o benefício. Após o fim do socorro social, parlamentares pressionam a União a lançar uma nova rodada em 2021 ou turbinar o Bolsa Família, previsto em R$ 34,9 bilhões.

Na quarta-feira, o candidato à presidência da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP) defendeu a volta do auxílio emergencial ou um Bolsa Família maior. Baleia enfrenta o deputado Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo Palácio do Planalto na disputa.

Nesta quinta, o candidato avulso à presidência da Câmara Fábio Ramalho (MDB-MG) também defendeu, em entrevista ao Estadão, a retomada do pagamento do auxílio. O Congresso Nacional ainda não votou o Orçamento de 2021.

Em conversa com simpatizantes, um dos apoiadores disse a Bolsonaro que o chefe do Planalto recebeu muito apoio no interior do Amazonas após o pagamento do auxílio. O presidente, no entanto, evitou se comprometer com um benefício em 2021 e ironizou a situação afirmando que, se pagar R$ 5 mil por mês para a população, ninguém mais vai trabalhar.

“Qual país do mundo fez auxílio emergencial? Parecido foi nos Estados Unidos. Aqui, alguns querem torná-lo definitivo. Foram quase 68 milhões de pessoas. No começo, foram R$ 600. Vamos pagar para todo mundo R$ 5 mil por mês, ninguém trabalha mais, fica em casa.”

Durante a pandemia de Covid-19, o pagamento do auxílio emergencial reduziu momentaneamente os índices de pobreza e desigualdade. A situação, porém, pode levar o país de volta ao patamar da década de 1980 nesses índices.

O auxílio emergencial foi pago para que trabalhadores informais e desempregados pudessem adotar o isolamento social e evitar a doença, medida criticada por Bolsonaro.