As pessoas em situação de rua em Porto Alegre, além dos perigos da violência, precisam se proteger de mais um inimigo: a pandemia do coronavírus. Nessa luta, a população em situação de vulnerabilidade social tem recebido ajuda de organizações não-governamentais e da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) que realizam a distribuição de máscaras e álcool em gel.
Na manhã desta sexta-feira, quem circulou pelo Centro Histórico da Capital, local de grande parte das pessoas que circulam pelas ruas em busca de material para reciclagem, e também nas regiões da avenida Ipiranga, próximo da vila Planetário, e na Praça Piratini, em frente ao colégio estadual Júlio de Castilhos, no bairro Santana, percebe que os moradores de rua têm buscado alternativas para se proteger contra a doença. Eles, que não tem um lugar para morar, utilizam máscaras, muitas vezes de maneira incorreta na região do queixo. Além disso, o Equipamento de Proteção Individual (EPI) na maneira das vezes se encontra sujo pelo muito tempo de uso.
No terminal da Praça Parobé, ao lado do Mercado Público, na manhã de sexta-feira, muitas pessoas que vivem nas ruas estavam dormindo aglomeradas no chão do terminal em “casas improvisadas”.
A maioria desses homens e mulheres vivem e circulam no entorno do Centro Histórico, em locais como a Praça da Alfândega, a Estação Rodoviária de Porto Alegre, no terminal da Praça Parobé e embaixo de marquises de bancos e lojas nas ruas dos Andradas e Uruguai e nas avenidas Borges de Medeiros e Salgado Filho.
No terminal da Praça Parobé, Sérgio Menezes, 56 anos, disse que sabe da necessidade de prevenção contra o coronavírus. Ele utiliza uma máscara, que segundo ele, foi entregue por um voluntário de uma ONG. Menezes, que vive há dois anos na área central da Capital, afirmou que possui mais quatro itens doados por voluntários, álcool em gel e cobertas.
No mesmo local, Marcelo Ferreira, 47 anos, há seis meses “morando” no Centro, disse que utiliza a máscara de “maneira correta” ao percorrer as ruas do Centro de Porto Alegre em busca de materiais para a reciclagem. “Temos que nos proteger diariamente dos perigos da rua e também da doença”, ressaltou.
A Fasc informa que as equipes de Abordagem Social e Consultório na Rua seguem acompanhando sistematicamente as pessoas em situação de rua. A fundação, durante a pandemia da Copvid-19, explicou que ampliou as vagas em abrigo: oferta em turno integral. Aumento de 238 vagas para 463.
Além disso, ampliou as vagas no Centro Pop – com a oferta de alimentação e higiene. Em março de 2019, foi feita uma parceria e descentralizado o serviço, tendo a primeira unidade na zona Norte. A estrutura passou de duas para três unidades em Porto Alegre onde são atendidas 220 pessoas por dia. Durante a pandemia são 280 pessoas.
A fundação ampliou o benefício do auxílio moradia que passou de 60 vagas para 360. Também foi criado sete pontos com orientações sobre cuidados para proteção contra a Covid-19. A prefeitura oferece para as pessoas em situação de vulnerabilidade social a oferta de locais para banho e alimentação (quentinhas) num total de 260 refeições por dia.
O programa Prato Alegre oferece 700 refeições/dia nas regiões da vila Cruzeiro do Sul, Restinga, Lomba do Pinheiro e Centro. Também foram criadas 54 vagas em hotéis e pensões durante a pandemia do coronavírus e oferecidas 14 vagas em casa de passagem para imigrantes.