Meses após o anúncio da substituição do Bolsa Família por um novo programa de transferência de renda, batizado de Renda Cidadã, o Governo Federal ainda encontra dificuldades para implementar a novidade. O principal problema é o orçamento, já que o Ministério da Economia segue buscando alternativas para colocar o plano em prática sem exceder o teto de gastos aprovado pela Câmara dos Deputados.
Em entrevista ao programa Agora na manhã desta terça-feira (01), da Rádio Guaíba, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, reiterou que o formato do projeto já está definido. A pasta prevê que 14 milhões de famílias sejam atendidas no primeiro ano, sob o custo de R$ 34,8 bilhões. O anúncio depende do presidente Jair Bolsonaro – que, no domingo, afirmou à imprensa que dará “cartão vermelho” a quem falar em Renda Cidadã.
Ainda conforme o político, a União aprendeu muitas lições com o pagamento do auxílio emergencial. “A decisão de buscar os elegíveis através do celular foi única no mundo. Em contrapartida, nos ensinou que o Brasil está completamente digitalizado. É o país mais digital de toda a América, somando Estados Unidos e Canadá. A segunda coisa importante é que nós encontramos 26 milhões de invisíveis, informais”, disse Onyx.
Lorenzoni voltou a dizer que o Bolsa Família, concedido a 41 milhões de pessoas a um custo de pouco mais de R$ 30 bilhões/ano, cria a dependência dos beneficiários para o atendimento de necessidades eleitorais. “A pessoa prefere ficar recebendo R$ 190 do que um salário mínimo. Com isso, ela faz um rancho básico e parte para faxinas, ou pequenos ‘biscates’ para agregar renda”, opinou o ministro.
Em outubro, a cesta básica custava R$ 581,39 em Porto Alegre. A estimativa é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que apontou uma elevação de 5,16% no valor do conjunto de alimentos essenciais. Nesse caso, uma compra do tipo na Capital custaria mais do que a soma de três parcelas do programa de transferência de renda.
Microcrédito
Em parceria com o Banco Central, o Ministério da Cidadania também trabalha na concessão de mais linhas de microcrédito aos trabalhadores informais para auxiliar em meio à crise econômica acentuada pela pandemia de Covid-19. Conforme a pasta, são 30 milhões de pessoas nessas condições, hoje, no país.
Onyx também aposta no início da vacinação contra o coronavírus em fevereiro. Ele citou uma série de fórmulas diferentes como possibilidade para o Governo Federal – dentre elas a de Oxford, que terá parte do estudo refeito em razão de inconsistências nos dados, e a Sputnik V, da Rússia.
