Fux assume presidência do STF e defende ‘avanços’ da Lava Jato

Ministro afirmou que operação atuou sob autorizações do Judiciário e que não deve haver recuo

Foto: Felipe Sampaio / SCO / STF

O ministro Luiz Fux tomou posse, nesta quinta-feira, na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) para um mandato de dois anos à frente da Corte, substituindo o ministro Dias Toffoli. Fux deixa a vice-presidência do Supremo, cargo que passa a ser ocupado pela ministra Rosa Weber.

Após tomar posse, Fux discursou por cerca de 50 minutos e falou sobre diretrizes da gestão à frente da Corte. Um dos principais tópicos abordados foi a defesa de operações de combate à corrupção, como a Lava Jato.

“Não admitiremos qualquer recuo no enfrentamento à criminalidade organizada, da lavagem de dinheiro e da corrupção”, disse. “Não permitiremos que se obstruam os avanços que a sociedade brasileira conquistou nos últimos anos em razão das exitosas operações de combate à corrupção, todas autorizadas pelo Judiciário Brasileiro, como ocorreu no mensalão e com a Operação Lava Jato”.

Como presidente do STF, cabe a Fux, entre outras coisas, definir a pauta de julgamentos da Corte. É esperado que temas como o meio ambiente tenham destaque, além dos ligados à defesa da Operação Lava Jato.

Cerimônia

A cerimônia começou pouco após as 16h com a execução do Hino Nacional Brasileiro pelo cantor Fagner. Participaram do ato os chefes dos demais poderes da República. O presidente Jair Bolsonaro representou o Executivo, enquanto os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, representaram o Legislativo.

As autoridades utilizaram máscaras de proteção à Covid-19, retirando-a apenas em momentos de discurso. A Corte convidou 50 pessoas para um plenário onde cabem 250.

Fux e Rosa Weber assumiram também a Presidência e a Vice-Presidência do Conselho Nacional de Justiça CNJ), respectivamente.

Discursos

O ministro Marco Aurélio foi o primeiro a falar e brincou com os acrílicos instalados no plenário, uma das medidas de proteção contra o novo coronavírus. “Sinto-me em uma cabine telefônica”, afirmou. Em boa parte do discurso, ele se dirigiu a Bolsonaro, destacando, entre outras coisas, que julgamentos devem ser feitos sem coloração política.

Em seguida, o procurador-geral da República, Augusto Aras, destacou o currículo de Fux, afirmando que ele passou em primeiro lugar em concursos públicos na carreira.

Escolhido por FHC e Dilma

Fux, natural do Rio de Janeiro, formou-se e cursou doutorado em Direito na Universidade Estadual do Rio de Janeiro Uerj). Em 2001, foi nomeado ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Dez anos depois, chegou ao Supremo por indicação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

O ministro não pode ser acusado de defender este ou aquele governante, tanto que transitou bem pelos governos de tucanos e petistas. Com estilo reservado, é também bastante religioso.

Na atual gestão, de Bolsonaro, tirou fotos e teve reuniões reservadas com o presidente, mas também votou a favor do inquérito das fake news, contra o qual o chefe do Executivo esbravejou em algumas ocasiões.

Em outras ações nesses nove anos na corte suprema, ele foi favorável à equiparação do crime de homofobia ao de racismo, em maio de 2019, à proibição do financiamento de campanhas eleitores por empresas, em dezembro de 2013, e à condenação de 109 dos 112 réus do mensalão, em 2012.