OMS: É preciso pôr dinheiro na mão de mais pobres para vencer Covid-19

Coronavírus exige longas quarentenas em vários países, o que faz com que milhares de pessoas não possam sair de casa para ir trabalhar

Foto: José Cruz / Agência Brasil

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanon, defendeu, nesta sexta-feira, que países garantam renda básica para as populações mais pobre e vulneráveis como forma de garantir que sejam efetivas as ações de combate à pandemia de coronavírus.

Ele ressaltou que a melhor forma de acabar com quarentenas e medidas de isolamento social, e com isso amenizar o impacto econômico do coronavírus, é atacar a doença e tomar medidas eficientes no controle do vírus.

Além disso, ele recomendou que governos ajudem financeiramente e estejam à disposição dos mais vulneráveis, como refugiados, migrantes, moradores de rua e os deslocados no próprio país, mais vulneráveis à doença.

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, também participou da coletiva, uma forma de reforçar a mensagem que ambas as organizações vêm ressaltando nos últimos dias: não há como escolher entre salvar vidas ou manter a economia estável.

Georgieva chamou a atenção de que o mundo enfrenta “uma das piores crises da história da humanidade” e que isso significa buscar meios para superá-la. “Mais de 90 países já recorreram ao FMI em busca de financiamento para lidar com a pandemia”, informou, acrescentando que US$ 1 trilhão vêm sendo mobilizados para liberação rápida aos países.

Investimento em saúde

A diretora-geral do FMI ressaltou que todos os recursos disponíveis nos países devem ser usados no combate direto à covid-19. “Priorizem os gastos com saúde, paguem os médicos, os trabalhadores da saúde, construam clínicas”, disse Georgieva.

Tedros também ressaltou a importância em investir na saúde e no fortalecimento dos sistemas, com pagamento de salário dos médicos e outros profissionais e garantir que eles tenham equipamentos e materiais necessários para trabalhar.

Ele também pediu que os países perdoem dívidas médicas e garantam testes gratuitos para a população, independente da condição social ou perfil das pessoas.

Desemprego e recessão

Desde o início da pandemia, em janeiro, vários países decretaram quarentenas e pediram para os cidadãos ficarem em casa.

O diretor-executivo da OMS para Emergências de Saúde, Mike Ryan, mais uma vez deixou claro que as medidas de isolamento social são importantíssima no combate à pandemia pois permitem “ganhar tempo precioso”. “Estamos vendo que as medidas dão tempo para que os sistemas de saúde se preparem e para que as pesquisas avancem”, disse Ryan.

Como consequência, no entanto, centenas de milhares de pessoas pelo mundo ficaram desempregadas e não sabem quando poderão voltar a trabalhar ou procurar emprego.

Georgieva, do FMI, reconheceu que o mundo está em depressão, mas ressaltou que só vai ser possível retomar o crescimento com o fim da pandemia.

Para Adhanon, a melhor forma de acabar, ou amenizar, com essas restrições, é atacando o vírus e seguindo as recomendações da OMS sobre como lidar com a doença: encontrar, testar a população, isolar doentes, tratar os casos e rastrear os contatos dessas pessoas.