Quem procura a vacina pentavalente – que imuniza crianças de até seis meses contra meningite, tétano acidental, coqueluche e hepatite B – nos postos de saúde de Porto Alegre, não a encontra. O desabastecimento ocorre desde o ano passado, quando o material fornecido pelo laboratório Biological, contratado pelo Ministério da Saúde, apresentou problemas na qualidade. Desde então, o órgão federal vem fazendo repasses menos constantes, o que tem prejudicado a imunização. Na Capital, a última leva chegou em novembro, e não foi suficiente para atender a demanda de de aproximadamente seis mil por mês.
A promessa do governo federal é normalizar a distribuição em fevereiro, e para isso aguarda a liberação por parte da Anvisa de 880 mil doses que esperam a avaliação da agência reguladora. De acordo com a enfermeira do núcleo de imunizações de Porto Alegre Renata Capponi, a falta das vacinas trouxe problemas. “Estamos sempre falando para as pessoas vacinarem, e chegam nos postos e não tem as doses”, lamenta. A pentavalente deve ser aplicada aos dois, três e quatro meses de vida da criança, com reforço a partir de um ano de idade, através da DTP, também conhecida como tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche.
Ela também estava em falta nos postos. A estimativa é de que o fornecimento desta seja regularizado a partir de terça-feira, quando as doses que chegaram em janeiro começam a ser distribuídas na Capital. Renata esclarece que, quando o estoque de vacinas for normalizado, as crianças que perderam o prazo ainda podem ser imunizadas. No posto Santa Marta, no centro da cidade, a procura é grande.
Mariana Barros, 27, esteve no local na segunda-feira acompanhada das duas filhas, uma de sete e outra de quatro anos. Mesmo não conseguindo vacinar a caçula, ela garantiu que compreendia a situação. “A gente tem que ter alguma resiliência, não me sinto tão incomodada até porque tem outras vacinas que substituem. Vou ficar incomodada se ela passar a idade e não puder tomar as doses”, avaliou.