“Brasil precisa parar de negar existência do racismo”, alerta Roger ao receber Medalha do Mérito Farroupilha

Treinador disse que Brasil dá a falsa impressão de que abriga uma democracia racial

Foto: Celso Bender | Agência ALRS

O técnico de futebol Roger Machado recebeu, nesta sexta-feira, a Medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa. A iniciativa, do deputado Valdeci Oliveira (PT), contou com a aprovação unânime dos integrantes da Mesa Diretora. Natural de Porto Alegre, o ex-jogador do Grêmio, de 45 anos, hoje comanda a equipe do Bahia.

O treinador vem se notabilizando pela luta contra o racismo e por expor as raízes do preconceito enfrentado pelos jogadores negros do futebol brasileiro. Ao justificar a homenagem, Valdeci afirmou que “não é só por causa do desempenho e das conquistas no meio esportivo, mas por fazer boa parte da sociedade brasileira refletir sobre o tamanho do racismo no Brasil e sobre o quanto estamos atrasados para nos livrar dessa mazela”.

O deputado afirmou ainda que a luta de Roger é fundamental para desconstituir a “falácia de que não existe racismo no Brasil”. “Ele cutucou uma ferida que precisa ser cutucada todos os dias, mesmo que alguns não queiram ouvir”, ressaltou Valdeci.

Já o técnico do Esporte Clube Bahia afirmou que sempre encarou o “futebol como um meio e nunca como um fim”. “Chutar a bola para dentro da rede é só uma parte. A outra é política, como a arte de dialogar”, resumiu.

Roger disse considerar que, por nunca ter editado leis segregacionistas, como os Estados Unidos e a África do Sul, o Brasil dá a falsa impressão de que abriga uma democracia racial.

“O Brasil adotou um modelo que nos torna invisíveis. Um país construído com mão de obra escravizada não pode ser considerado uma democracia. A democracia racial no Brasil é um mito. E o Brasil precisa parar de negar a existência do racismo se quiser, de fato, uma nação igualitária e democrática”, defendeu.