Ex-líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) prestou depoimento, na tarde dessa quarta-feira, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. Na apresentação, Joice expôs capturas de telas de internet mostrando conversas entre supostos grupos de políticos, assessores parlamentares e influenciadores digitais ligados ao presidente Jair Bolsonaro. O grupo articula ataques a ex-aliados dele. Joice disse que o presidente costuma ter publicações impulsionadas por robôs. “São quase dois milhões de robôs seguindo dois perfis, sendo 1,4 milhão no perfil de Jair Bolsonaro e 468 mil no perfil de Eduardo Bolsonaro.” As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Segundo o relato de Joice, um dos mais ativos grupos de propagadores de notícias falsas e difamações é o chamado “Gabinete do Ódio”, integrado pelos assessores especiais da Presidência da República Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz. Para ela, esses assessores são pautados por filhos de Bolsonaro, em especial o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC). Outro influenciador ligado ao grupo, de acordo com a deputada, é o escritor Olavo de Carvalho.
“Eu quero crer que o presidente não sabe disso”, comentou, ao citar a ação das supostas redes de difamação que, de acordo com dados apresentados por ela, fazem amplo uso de perfis falsos em redes sociais, como o Facebook e o Twitter.
A deputada do PSL de São Paulo afirmou ter começado a investigar as estratégias de difamação de antigos aliados de Bolsonaro após ter sido destituída da liderança do governo e passou, ela própria, a ser alvo dos ataques. Na pesquisa, Joice garante terem aparecido 174 páginas salvas e já autenticadas por um especialista. Ela também contou ter encontrado o valor médio de R$ 20 mil para a contratação de campanhas impulsionadas por robôs.
Além da própria deputada do PSL, foram supostas vítimas das milícias virtuais ex-ministros, como Gustavo Bebianno e Carlos Alberto Santos Cruz, além do vice-presidente Hamilton Mourão. Joice também citou como alvos o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), Dayanne Pimentel (PSL-BA), Delegado Waldir (PSL-GO); além de youtubers e artistas.
Joice também afirmou não saber quem financia essa cadeia de difamação, mas sugeriu à comissão que “siga o rastro do dinheiro porque estamos falando de milhões de reais”. Apesar de não apontar eventuais financiadores do esquema, a deputada declarou que boa parte da fonte das notícias falsas e campanhas difamatórias parte de gabinetes de políticos aliados, tocadas por assessores e pelos próprios legisladores.