A Cúpula do Mercosul, realizada em Bento Gonçalves a partir desta segunda-feira, marca o último encontro com o presidente da Argentina, Mauricio Macri. O governante deixa a Casa Rosada no dia 10 de dezembro. Em seu lugar, assume o peronista Alberto Fernández, eleito em outubro deste ano.
Fernández e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, já entraram em atrito ao longo das últimas semanas. O argentino, ligado a movimentos de centro-esquerda e com a vice Cristina Kirchner, participou da campanha “Lula Livre”. Bolsonaro, por sua vez, demonstrou sua preferência pro Macri durante a disputa eleitoral e disse que “a Argentina escolheu mal” seu novo presidente.
Relações políticas x econômicas
O economista da Universidad de Buenos Aires (UBA) Hernán Neyra acredita que a diferença política entre Brasil e Argentina não deve afetar tanto a economia. “Não creio que as relações terminem estando demasiadamente condicionadas pela relação pessoal entre os dois presidentes”, avaliou. “É possível que tenhamos alguns desacordos políticos, mas creio que teríamos muito mais acordos econômicos do que políticos, o mesmo que ocorreu com o Brasil na reunião dos BRICS”, concluiu Neyra.
O docente também explicou que o Brasil é bastante protecionista em relação aos países vizinhos. Com a Argentina, as principais barreiras são no comércio de leite. Hernán Neyra ainda ressalta que os governos devem defender a flexibilização dos negócios com países de outros continentes, como os da União Europeia. No entanto, dentro do Mercosul, o mercado ainda deve ficar relativamente fechado.
“Além dos grandes discursos de desarmar estruturas e estratégias protecionistas com o grande comércio exterior, creio que vai ser difícil que os diferentes setores econômicos aceitei a desproteção contra seus próprios vizinhos”, pontuou. “Uma coisa vão ser os grandes discursos destes grandes acordos com a União Europeia, como pretende o presidente Bolsonaro, país por país, e outra coisa vão ser as medidas efetivas do dia a dia”, concluiu Neyra.