Em carta divulgada à imprensa após ter sido exonerado da Secretaria de Governo, o agora ex-ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz expressou “admiração e agradecimento” aos servidores da Pasta, aos presidentes da Câmara e do Senado e, por fim, ao presidente Jair Bolsonaro.
Na mensagem, o general da reserva agradeceu a “dedicação, capacidade e amizade com que trabalharam” os servidores da Secretaria de Governo, citou o “relacionamento profissional respeitoso” com deputados e senadores, destacou o “profissionalismo” da imprensa e a “cortesia” dos integrantes do Poder Judiciário, Ministério Público e do Tribunal de Contas da União.
Ao citar o presidente, foi breve: “ao Presidente Bolsonaro e seus familiares, desejo saúde, felicidade e sucesso”.
Santos Cruz havia sido alvo, recentemente, de críticas do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, sobre os rumos da comunicação no Palácio do Planalto. Também se envolveu em polêmicas com o escritor Olavo de Carvalho, considerado o guru do bolsonarismo.
Bolsonaro evita comentar
Nos 20 minutos em que participou de transmissão ao vivo no Facebook, nessa quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro não comentou a demissão do general. O deputado federal Marco Feliciano (Pode-SP), crítico do agora ex-ministro, também participou da live.
Pouco antes, Feliciano escreveu, no Twitter, que a demissão de Santos Cruz foi uma “decisão pessoal” do presidente “no sentido de manter o alinhamento do governo”. “Pois o governo é um todo, e todos devem estar alinhados, na mesma direção. Santos Cruz deu a sua contribuição, mas agora foi para a reserva”, postou.
O ex-ministro recebeu a notícia da exoneração após um almoço com Bolsonaro, general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa.
Já Heleno disse que a demissão de Santos Cruz foi resultado de “um conjunto de coisas que acontecem”. De acordo com ele, não houve briga entre o presidente e Santos Cruz. “Não teve briga, não teve nada. Continua amor, são amigos de 40 anos, continuam a ser amigos”, disse. Em nota, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, reforçou o que Heleno havia dito, complementando que a demissão “não afeta a amizade, a admiração e o respeito mútuo” entre Bolsonaro e Santos Cruz.
Repercussão
No Congresso, a notícia da demissão surpreendeu senadores. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), manifestou preocupação com uma piora na relação entre o governo e o Congresso, de acordo com interlocutores reunidos no momento da informação.
O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), inclusive, havia agendado uma reunião com o chefe da Secretaria de Governo para esta sexta-feira, no Palácio do Planalto. “Se for verdade, é uma lástima. Havia um bom relacionamento do Congresso com ele”, comentou Rodrigues.
O líder do bloco que reúne PL, DEM e PSC no Senado, Wellington Fagundes (PL-MT) avaliou a saída de Santos Cruz como mais um complicador na articulação política do Planalto. “É uma pessoa de estabilidade”, afirmou. “Temos uma instabilidade e uma imprevisibilidade com o que vai acontecer até a semana que vem, isso vai respingar para o governo? São perguntas que todos querem saber”, declarou.
Quem assume
O general do Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, ainda na ativa, assume a Secretaria-Geral. Atual comandante militar do Sudeste, Ramos também atuou como comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, além de ter sido vice-chefe do Estado-Maior do Exército.
*Com informações da Agência Estado