O enterro do catador de material reciclável Luciano Macedo, 27 anos, acontecerá hoje à tarde, no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária do Rio. A família não divulgou o horário do sepultamento. Luciano levou três tiros no domingo, dia 7 de abril, ao tentar ajudar a família do músico Evaldo dos Santos Rosa, o Manduca, 51 anos, que teve o carro atingido por 83 tiros disparados por militares do Exército, quando passava por Guadalupe, zona norte do Rio. O músico morreu na hora. Os militares confundiram o carro de Evaldo com um veículo também branco que havia sido roubado por ladrões.
De acordo com informação da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Luciano morreu na madrugada de ontem (18), no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Em nota, a secretaria informou que “todos os esforços clínicos necessários foram realizados por profissionais multidisciplinares do Hospital Estadual Carlos Chagas com o objetivo de oferecer o melhor atendimento ao paciente Luciano Macedo, vítima de perfuração por arma de fogo que deu entrada na unidade no último dia 7”.
A SES esclareceu que o paciente “apresentava estado de saúde gravíssimo desde a entrada na unidade, o que impossibilitava sua transferência”. No dia 17, Luciano foi submetido a uma cirurgia torácica, mas acabou morrendo às 4h20 da madrugada de ontem (18). O catador deixou mulher, Daiana Horrara, grávida de cinco meses.
A organização não governamental (ONG) Rio de Paz conseguiu, por meio de doações, enxoval para o bebê e dinheiro para alugar casa para a viúva. De acordo com o advogado da família do catador, João Tancredo, nove tiros disparados pelos militares atingiram outro veículo estacionado do outro lado da rua. (Alana Gandra)