Com oito casos de meningite bacteriana registrados desde janeiro, em cidades não reveladas pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), o governo gaúcho acertou com a Prefeitura de São Leopoldo que vai atender a demanda necessária para o abastecimento da vacina a crianças e adolescentes. A cidade do Vale do Sinos confirmou dois casos da enfermidade e ambos levaram as pacientes a óbito. Um dos casos envolveu o tipo C, para o qual há vacina na rede pública. A imunização é prevista para crianças menores de um ano e para adolescentes entre 11 e 14.
Nesta terça-feira, uma equipe do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) esteve na cidade para uma reunião com o secretário municipal de Saúde, Ricardo Charão. Na oportunidade, foram definidas ações de prevenção. Colegas de turma da adolescente, que morreu nessa madrugada, vão receber um tratamento preventivo com antibiótico, mesma ação já realizada com familiares da jovem.
A medida é a principal forma de evitar casos novos, já que busca identificar nos contatos próximos a possível pessoa que passou a doença (portador assintomático) e outras para as quais ela possa ter transmitido a bactéria. Esse mesmo protocolo já havia sido desencadeado anteriormente no caso do outro óbito registrado na cidade, em 15 de março – em uma menina de dois anos, pelo tipo B da doença meningocócica -, e que não teve novo registro pelo mesmo tipo após o fato.
Reforço na vacinação
Na escola estadual onde a jovem de 14 anos era estudante, a secretaria municipal vai revisar a caderneta de vacinação de todos os adolescentes na idade preconizada para a vacina. Aqueles que não possuírem o registro da dose serão encaminhados para a imunização.
A vacina disponível na rede pública é a meningocócica C, que protege contra o tipo C da bactéria. Entre as formas causadas por esse agente, o tipo C é o mais comum. As doses recomendadas devem ser aplicadas aos três e cinco meses de idade, com um reforço aos 12 meses. Crianças e adolescentes dos 11 aos 14 anos também devem se imunizar, com a aplicação de dose única.
A doença meningocócica é uma infecção aguda causada pela bactéria Neisseria meningitidis. A forma clínica mais comum é a meningite meningocócica (inflamação da meninge, membrana que envolve o cérebro e medula) e a mais grave é a meningococemia (bactéria no sangue).
A transmissão se dá por contato direto de pessoa a pessoa por meio da secreção respiratória. Assim como as demais doenças do tipo, a circulação é intensificada nos meses de inverno. Os principais sintomas incluem febre alta e repentina, intensa dor de cabeça, rigidez do pescoço, vômitos e, em alguns casos, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental.
No Rio Grande do Sul, a meningite bacteriana é uma doença considerada endêmica, cuja bactéria circula e é monitorada pela Vigilância em Saúde. Ao longo de 2018, foram 82 casos, com 11 óbitos entre eles. Em 2019, até o momento, foram oito casos, incluídos nesses os dois óbitos de São Leopoldo (os únicos registrados neste período).