Mais três skinheads acusados de atacarem um grupo de jovens judeus em 2005 estão sendo submetidos a júri popular nesta quinta e sexta-feira no plenário da 2ª Vara do Júri do Foro Central I, em Porto Alegre. A sessão é presidida pela Juíza de Direito Cristiane Busatto Zardo.
Conforme a magistrada as sessões devem ser demoradas devido ao elevado número de pessoas a serem ouvidas. “Têm muitas pessoas para serem ouvidas. As vítimas querem prestar depoimento com plenário fechado. Elas se disseram temorosas”, afirmou.
O julgamento teve início pouco depois das 09h30min com o sorteiro dos sete jurados. Logo em seguida, as vítimas Alan Floyd Gipsztejn e Rodrigo Fontella Matheus prestaram depoimento. Além dos réus, 14 testemunhas deverão depor no julgamento. Estão no banco dos réus, Daniel Vieira Speck, Marcelo Moraes Cecílio (esses dois estiveram no último júri do caso, em 2018) e o réu Leandro Comaru Jachetti.
O Ministério Público aponta que o grupo de denunciados integra uma organização criminosa nomeada de ‘Carecas do Brasil’, facção de Skinheads que apregoa preconceitos contra determinados grupos raciais e sociais, dentre eles judeus, negros, homossexuais e punks. Material de conteúdo neonazista foi exibido no plenário.
De acordo com a denúncia do MP, os réus foram denunciados por tentativa de homicídio qualificado, pelo motivo torpe (discriminação racial, por ser seguidora do judaísmo) mediante recurso que dificultou a defesa (quando foi surpreendido, pelos denunciados que se encontravam em maior número de pessoas, incluindo ataque com instrumentos pérfuro-cortantes) e meio cruel (reiteração de golpes de faca, violentos socos e pontapés no corpo e na cabeça da vítima que já encontrava-se caída ao chão, causando-lhe desnecessário sofrimento físico e moral).
O crime ocorreu na noite de 8 de maio de 2005 no bairro Cidade Baixa. As vítimas, três jovens, usavam quipás e foram atacadas e feridas na esquina das ruas Lima e Silva e República. Os agressores estava dentro de um bar e foram para fora para começar as agressões.
Cisão do processo
Para melhor entendimento das partes, acusação e defesa, o processo foi cindido. Em um dos processos ficaram os réus Valmir Dias da Silva Machado Júnior, Israel Andriotti da Silva, Leandro Maurício Patino Braun, Daniel Vieira Speck, Leandro Comaru Jachetti e Marcelo Moraes Cecílio. Os três últimos sendo julgados nesta quinta e sexta-feira. Os demais ainda não há data para irem à júri.
O outro processo já ocorreu em julgamento realizado em setembro de 2018. Laureano Vieira Toscani e Thiago Araújo da Silva foram condenados a 13 anos de prisão em regime inicial fechado. Fábio Roberto Sturm a 12 anos e oito meses. Laureano encontra-se preso, já Thiago e Fábio recorreram e estão em liberdade.