Em busca de virada, Sartori tenta colar ainda mais em Bolsonaro

Atrás nas sondagens eleitorais, governador pretende usar apoios de políticos de campos opostos na disputa nacional para melhorar desempenho

Foto: Alina Souza/CP

Os articulistas do MDB e do governador José Ivo Sartori, que tenta a reeleição, decidiram apostar alto na vinculação do emedebista com o candidato do PSL à presidência da República, Jair Bolsonaro. O objetivo é tentar reverter a vantagem indicada por sondagens eleitorais para Eduardo Leite (PSDB), que disputa com Sartori o segundo turno da corrida pelo governo estadual. Tanto Sartori quanto Leite abriram apoio a Bolsonaro na disputa presidencial.

Nesta quinta, após a última pesquisa Ibope, divulgada na noite de quarta, apontar Leite com 18 pontos à frente, o MDB reforçou a estratégia que tenta tirar votos de Leite diretamente através da oficialização de apoios de integrantes de outros partidos, a começar pelo DEM-RS, pela presidente do PSL do Rio Grande do Sul, Carmen Flores, e pelos quatro deputados estaduais eleitos do PSL. O DEM estadual é presidido pelo deputado federal reeleito e já indicado para a Casa Civil caso Bolsonaro vença, Onyx Lorenzoni.

Sem ressalva

No evento que oficializou o apoio do DEM e dos integrantes do PSL, o governador em exercício e candidato a vice na chapa de Sartori, José Paulo Cairoli, deixou claro: “Para consolidar a vitória do Sartori precisaremos colar ele no presidente Bolsonaro. O rapaz (Leite) se apresentou hoje mesmo apoiando o Bolsonaro com algumas ressalvas e para nós isto é fundamental: o Sartori não tem ressalva.”

O presidente estadual do MDB, o deputado federal reeleito Alceu Moreira, que pretende disputar a presidência da Câmara dos Deputados, classificou o momento como ‘lindo’ e se comprometeu a fazer “com muita força” a defesa do governo Bolsonaro na tribuna da Câmara.

“Estamos desenhando aqui a grande virada da eleição. Na hora em que podiam silenciar vocês resolveram gritar e dizer ‘não, não queremos um vacilão, queremos alguém com posição clara’. Nunca vou deixar de lembrar disso.” E o deputado federal reeleito Osmar Terra (MDB), ex-ministro de Temer, arrematou: “Só não estivemos juntos no primeiro turno porque tínhamos o (Henrique) Meirelles.”

Ante os questionamentos sobre se não há constrangimento em apoiar um dos postulantes ao Piratini uma vez que ambos estão com Bolsonaro, Onyx lembrou os ataques do tucano Geraldo Alckmin na campanha do primeiro turno e disse que Sartori é o mais “comprometido com os mesmos valores e princípios” de Bolsonaro.

Os resultados da oficialização do apoio do DEM e de parte do PSL ajudaram a animar os militantes mas, na prática, já existiam no primeiro turno, quando Carmen Flores abriu o voto em Sartori, muitas lideranças do DEM fizeram campanha para o governador e, internamente, a preferência do partido por ele era conhecida.

*Com informações da repórter Flávia Bemfica