Melo faz balanço de atuação da prefeitura em reconstrução após enchente e defende que proteção de cheias também é responsabilidade de vizinhos

No evento RS Mais Forte, prefeito de Porto Alegre, conta com a presença de autoridades nesta tarde no Instituto Caldeira

Foto: Alex Rocha/PMPA/Divulgação

Parte da programação do evento RS Mais Forte, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, compartilhou sua perspectiva após um ano de enchente e as ações feitas pela prefeitura de Porto Alegre no prédio Guahyba, no Instituto Caldeira. Na conferência, Melo enfatizou que “não há proteção de cheias em uma cidade”, mas que deve haver um esforço conjunto de gestões. “A proteção de cheias pertence a uma bacia hidrográfica, e precisa da responsabilidade de vizinhos da cidade”, disse, afirmando que o Guaíba é formado por 4 rios, com 22 afluentes. “Se não tiver proteção de cheias em cabeceiras no decorrer das obras, não há de se falar em proteção de cheias de Porto Alegre”, completou.

O prefeito reforçou que os projetos de proteção de cheias devem ser também de responsabilidade do governo central, considerando a sua responsabilidade, e que o seu governo priorizou buscar soluções em conjunto ao invés de procurar culpados. “Não fui daqueles governantes que fiquei procurando culpados quando a chuva chegou”, disse, lembrando que foi o 15º prefeito na gestão após os depois de tudo que passou após a inauguração de sistemas de cheia dos anos 1970.

Melo reforçou a atuação da prefeitura para colocar a cidade de pé e que tem planos concretos para os diques, onde vistorias estão sendo feitas regularmente. Afirmou que o dique do Sarandi está 95% pronto, e o da região de Asa Branca, reivindicado desde a enchente de 41, as obras recém começaram. Ainda, foi feito muro na região de Nova Brasília, mas as obras estão paradas na segunda etapa, pois lá habitam 400 famílias. “Sou radical da democracia, mas não é papel do judiciário interromper uma obra de cheias, porque queremos acolher as famílias e o processo é maior e tem que continuar”, afirmou Melo. Na Vila Dique, ao lado do Fecomércio, Melo projetou que as obras devem começar em julho.

O prefeito ressaltou que não se deve falar de sistema novo se não colocar de pé o velho, e que o velho “está funcionando melhor”. Ainda, afirmou que 29 geradores estão operando nas casas de bomba da cidade.

Reafirmou sua fala de que as casas de bomba fazem parte do sistema de proteção de cheias, e que na enchente entrou água dentro da cidade mas, também, dentro das casas de bombas. “Casas de bomba fazem parte da proteção, mas o alagamento não foi causado pelas casas de bombas”, reforçou.

Ele lembrou que o sistema de proteção de cheias de Porto Alegre, instituído na década de 1960, começa no Sarandi e vai somente até o bairro cristal, e pretende apresentar projetos onde não tem proteção de cheias, como o Lami.

Melo reforçou que, das 14 comportas, um estudo permitiu fechar 7, e três estão em obra e as demais com contrato assinado. Lembrou que portões do Centro Histórico foram testados, e que as casas de bombas estão todas funcionando e com automatização.

Em relação aos projetos de proteção em locais que alagam, com a coordenação estadual, o prefeito defende haver integração para que a construção de muros não afetem outros municípios. Ele lembrou da visita na Holanda, onde a proteção de cheias é comandada por universidades e institutos, acolhidas pelo governo, e que o governo central comanda as grandes obras, e tudo é centralizado nas bacias hidrográficas. “Não tem proteção de cheias de uma cidade, é do país”, disse, complementando que na região também houve projetos do Estado que estavam empacados e saíram da prateleira com tragédias como as de 1953.

“Uma crise nos traz dores e nos traz perdas, mas sou prefeito casca dura. Assumimos junto na maior crise, que a Covid. E terminamos o governo com a crise das enchentes”, disse Melo, acrescentando que dois projetos do Minha Casa, Minha Vida na cidade foram aprovados e estão sendo tocados benefícios no projeto de compra assistida.

“Tenho fé que faremos uma Porto Alegre melhor”, encerrou, reforçando que cada pasta tem a sua responsabilidade na reconstrução após a catástrofe. “Tem coisas que eu delego para a prefeitura, tem coisas que não”.

O evento marca o primeiro ano após uma das maiores catástrofes climáticas da história do Rio Grande do Sul – as enchentes que, em maio de 2024, afetaram severamente a capital e outras regiões do Estado. Com público estimado em mais de 600 pessoas, o encontro reuniu reuniu autoridades, especialistas, representantes da sociedade civil e executivos do setor privado para avaliar as ações já implementadas, discutir medidas de prevenção e apresentar metas para um desenvolvimento urbano mais resiliente até 2030. Durante a programação, serão apresentados os resultados das políticas públicas adotadas no último ano e os planos para os próximos 12 meses.

Ao longo da tarde, participará o Governador do Estado, Eduardo Leite; o Secretário Estadual da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi; do Secretário Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm; e do Presidente do DMAE, Bruno Vanuzzi. O evento inclui ainda painéis temáticos, pitches de novos projetos e espaços abertos para perguntas do público.