PM, advogado e empresário são alvo de operação contra agiotagem em Porto Alegre

Polícia Civil e Corregedoria-Geral da Brigada Militar deflagraram operação contra extorsões | Foto: Polícia Civil / CP

A Corregedoria-Geral da Brigada Militar e a Polícia Civil deflagraram uma ofensiva contra extorsões e agiotagem, nesta quinta-feira, em Porto Alegre e Cachoeirinha. São cumpridos mandados de prisão temporária contra um policial militar, um advogado e um empresário. O primeiro homem foi detido, e houve mais uma prisão em flagrante, mas os outros dois alvos ainda não foram encontrados.

A investigação começou no final do ano passado, após a denúncia de uma moradora de Xangri-Lá, no Litoral Norte. Ela e a companheira gerenciam uma imobiliária ali e, em 2023, teriam feito um empréstimo de R$ 300 mil junto a um agiota que, segundo a polícia, se apresentou como se fosse um empresário.

O débito teria sido quitado em fevereiro de 2024, mas as cobranças continuaram ao longo do ano. O agiota teria recebido R$ 600 mil das vítimas. Isso não foi o bastante para cessar a perseguição.

Ainda segundo a denúncia, no início de novembro, um soldado da BM foi ao estabelecimento e cobrou a transferência de mais R$ 250 mil. Ele teria disponibilizado uma conta de Pix para receber os valores. O policial teria ameaçado torturar as vítimas e os familiares delas, além de atear fogo no local.

No dia 24 daquele mesmo mês, durante a madrugada, a loja dela foi alvo de um atentado. Câmeras de monitoramento flagraram o momento em que dois tripulantes passam de carro em frente ao lugar e efetuam disparos de arma de fogo contra as vidraças. Aproximadamente uma hora depois disso, as vítimas teriam recebido novas mensagens com intimidações.

O medo fez com que as mulheres abandonassem o empreendimento e fossem atuar em outras atividades profissionais. De acordo com o delegado regional Cristiano Reschke, elas também interromperam os pagamentos ao agiota, e uma delas decidiu procurar a polícia.

“A vítima, percebendo que os juros eram exorbitantes, e que já teria pago o dobro do valor contraído a título de empréstimo, parou de pagar o agiota. O criminoso chegava a utilizar um advogado para intermediar o acordo para a quitação da suposta dívida. Ambos, durante as cobranças, faziam ameaças aterrorizantes”, apontou o delegado Cristiano Reschke.

Nesta manhã, o PM foi localizado em uma casa na zona Norte de Porto Alegre. Quando percebeu a entrada dos policiais, ele efetuou três disparos com um revólver contra o próprio telefone celular. Ele foi detido e a arma, apreendida.