O Banco Central mantém expectativas de que a taxa de juros do Brasil chegue a 14,25% em março, com um aumento de um ponto percentual sob os 13,25% atuais, na medida que as estimativas de inflação apresentaram um viés de alta de forma significativa em todos os prazos nos últimos meses, transportando o cenário econômico para algo “mais adverso”.
Este é o conteúdo sinalizado na Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, e divulgada nesta terça feita pela autoridade monetária. O documento também aponta que os preços de alimentos se “elevaram de forma significativa”, resultado da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi. “Esse aumento tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”.
Em sua ata, o Copom também registrou duras críticas críticas à política para as contas públicas, conduzida pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, que devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas. “A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida seguiu impactando, de forma relevante, os preços de ativos – juros futuros e dólar – e as expectativas dos agentes. O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, avaliou.
O documento sinaliza ainda uma preocupação com o andamento da política econômica norte-americana, que torna o ambiente externo “desafiador”. Entre os pontos de atenção estão os ritmos de desaceleração e de desinflaação do país e a postura a ser adotada pelo Federal Reserve, o BC dos EUA.