O final de semana foi marcado pela assinatura de um decreto do presidente dos EUA, Donald Trump, impondo tarifas gerais de 25% sobre produtos canadenses e mexicanos a partir de terça-feira, 4, e tarifas de 10% sobre energia. Ele também impôs uma tarifa adicional de 10% sobre produtos da China. Na avaliação de analistas do mercado internacional, há um claro acirramento das relações comerciais norte-americanas com diferentes nações e impacto ainda sem dimensões na inflação dos três países pelos próximos anos, com maiores reflexos para o México e o Canadá
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, já comunicou também a adoção de tarifas recíprocas de 25% sobre uma série de produtos dos Estados Unidos, enquanto a presidente do México Claudia Sheinbaum também anunciou tarifas sem dar detalhes. A China, por sua vez, comunicou que vai entrar com um processo judicial contra os EUA na Organização Mundial de Comércio (OMC), além de outras medidas.
Há uma tendência de que as decisões tenham um impacto no cotidiano dos norte-americanos. Produtos como o avocado, trigo do pão, carnes, eletrônicos, brinquedos e combustíveis, poderão sofrer o impacto nas prateleiras das principais redes dos Estados Unidos. Canadá e México se respondem pelo fornecimento de produtos agrícolas dos EUA, exportando uma parcela significativa de alimentos-chave da mesa dos americanos. Juntos, somam quase US$ 83 bilhões dos US$ 196 bilhões em bens agrícolas importados pelos EUA em 2024 até novembro.
Pela fronteira mexicana cruzam a maior parte das frutas e vegetais consumidos pelos americanos, num mercado que movimentou cerca de US$ 11,4 bilhões em novembro do ano passado. Já pela fronteira canadense cruzam grãos, gado, carnes, aves e o açúcar. Segundo o Departamento de Comércio, as importações incluem veículos e peças automotivas, petróleo e eletrônicos. Até novembro do ano passado, foram cerca de US$ 467 bilhões e US$ 337 bilhões em operações comerciais, respectivamente.
REFLEXOS
Na agenda econômica, a semana é recheada com discursos dos funcionários do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). Ao longo da semana, serão divulgados os dados de janeiro do mercado de trabalho, com a expectativa maior para a taxa de desemprego e a geração de empregos apontados pelo número de folha de pagamentos não-agrícolas (payroll).
No cenário corporativo, a temporada de balanços no Brasil começa com os grandes bancos Itaú, Santander Brasil e Bradesco. Nos EUA, os destaques são Amazon e Alphabet, proprietária do Google. Os executivos destas corporações deverão ser questionados sobre os potenciais consequências do tarifaço de Trump. Deverá entrar em cena o corpo diplomático e os CEOs das corporações tentando encontrar uma forma de não impactar seus mercados consumidores e, assim, os desempenhos já projetados para o ano.