Déficit primário supera os R$ 47 bilhões em 2024, diz BC

Resultado representa 0,40% do Produto Interno Bruto (PIB)

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O setor público consolidado registrou em 2024 déficit primário de R$47,6 bilhões (0,40% do Produto Interno Bruto (PIB), ante déficit de R$249,1 bilhões (2,28% do PIB) em 2023. No mês de dezembro, houve superávit primário de R$15,7 bilhões no setor público consolidado, ante déficit de R$129,6 bilhões em dezembro de 2023, ressaltando-se que naquele mês o impacto do pagamento de precatórios alcançou R$92,4 bilhões. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 31, pelo Banco Central.

Em dezembro, o Governo Central e as empresas estatais foram superavitários, na ordem, em R$26,7 bilhões e R$1,0 bilhão, enquanto os governos regionais registraram déficit de R$12,0 bilhões. Em 2024, os juros nominais do setor público consolidado, apropriados pelo critério de competência, alcançaram R$950,4 bilhões (8,05% do PIB), ante R$718,3 bilhões (6,56% do PIB) em 2023. Em dezembro, os juros nominais atingiram R$96,1 bilhões, ante R$63,9 bilhões em dezembro de 2023. Contribuiu para essa elevação o resultado das operações de swap cambial (ganho de R$6,6 bilhões em dezembro de 2023 e perda de R$19,9 bilhões em dezembro de 2024).

O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$998,0 bilhões (8,45% do PIB) em 2024, ante R$967,4 bilhões (8,84% do PIB) em 2023. Em dezembro, o déficit nominal atingiu R$80,4 bilhões, comparativamente a R$193,4 bilhões em dezembro do ano anterior.

A redução de 0,39 p.p. do PIB no resultado nominal em 2024 decorreu da melhora no resultado primário, uma vez que os juros nominais do setor público consolidado no ano, 8,05% do PIB, elevaram-se pelo quarto ano seguido, alcançando o maior percentual desde 2015 (8,37% do PIB).

​INDICADORES

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) atingiu 61,1% do PIB (R$ 7,2 trilhões) em 2024, com elevação anual de 0,7 ponto percentual do PIB. Contribuíram para esse resultado, os juros nominais apropriados (+8,0 ponto percentual), o déficit primário (+0,4 ponto percentual), o reconhecimento de dívidas (+0,2 ponto percentual), o efeito da desvalorização cambial de 27,9% no ano (-2,9 ponto percentual), os demais ajustes da dívida externa líquida (-0,3 ponto percentual), o efeito das privatizações (-0,3 ponto percentual) e o crescimento do PIB nominal (-4,4 ponto percentual).

Em dezembro, a relação DLSP/PIB diminuiu 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior, refletindo os impactos do superávit primário (-0,1 ponto percentual), dos juros nominais apropriados (+0,8 ponto percentual), da desvalorização cambial de 2,3% no mês (-0,3ponto percentual), dos demais ajustes da dívida externa líquida (+0,1 ponto percentual) e do crescimento do PIB nominal (-0,6 ponto percentual).

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) – que compreende o governo federal, o INSS e os governos estaduais e municipais – atingiu 76,1% do PIB (R$9,0 trilhões) em 2024. No ano, a relação DBGG/PIB elevou-se 2,2 ponto percentual, resultado decorrente da incorporação de juros ​nominais (+7,5 pontos percentuais), do efeito da desvalorização cambial acumulada no ano (+1,0 ponto percentual), do reconhecimento de dívidas (+0,3 ponto percentual), dos resgates líquidos de dívida (-0,9 ponto percentual), dos demais ajustes da dívida externa (-0,2 ponto percentual), e do crescimento do PIB nominal (-5,4 pontos percentuais). Em dezembro, a relação DBGG/PIB reduziu-se 1,6 ponto percentual. do PIB, refletindo os resgates líquidos de dívida (-1,7 ponto percentual), o crescimento do PIB nominal (-0,7 ponto percentual), o efeito da desvalorização cambial (+0,1ponto percentual) e os juros nominais incorporados (+0,7 ponto percentual).