A temporada de verão mal começou e os problemas relacionados ao fornecimento de energia elétrica já estão preocupando veranistas no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Postes inclinados, quedas frequentes de energia e prejuízos com eletrodomésticos queimados estão entre as principais reclamações de moradores de municípios como Xangri-Lá, Capão da Canoa, Osório e Tramandaí. A distribuidora, por outro lado, afirma que fez investimentos para o verão e reforça a atuação na manutenção da rede.
Na avenida Paraguassú, em Xangri-Lá, é possível visualizar um poste de madeira inclinado, enquanto outro está preso apenas pelos fios. A situação, conforme moradores, não é pontual e atinge várias praias da região. A corretora Janete Zatt, que vive no bairro Remanso, relata o cenário com preocupação. “Enquanto não cair em cima de alguém e acontecer uma tragédia, não vai parar. Em vários pontos da cidade têm postes pendendo, muitos fios soltos. É um caos”, relata.
Janete também aponta problemas no fornecimento de energia: “De noite, muitas vezes fica em meia fase, meu lustre quase não acende. Quando a luz volta, queima equipamentos. No último temporal, fiquei dois dias inteiros sem luz. No Réveillon passado, faltou luz às 17h e só retornou perto da meia-noite. São problemas que se intensificaram a partir do verão passado”, afirma.
Outros relatos corroboram os problemas enfrentados no Litoral. Aline Caiaffo, moradora de Atlântida Sul, em Osório, afirma que já teve que acionar o seguro de casa após diversos dispositivos queimarem devido à sobrecarga na rede. “A gente pensa que resolveram, mas volta a ficar sem luz. Já gastei muito com profissionais e acionei até o seguro para cobrir prejuízos. Do ano passado para cá, virou um caos”, conta.
Fernanda Mariano, que possui uma casa no balneário Jardim do Éden, em Tramandaí, diz que enfrentou dificuldades até para conseguir atendimento. “Chamamos a equipe no dia 21 às 10h, falaram que viriam até às 17h, mas só apareceram no domingo, às 18h. E a praia estava vazia. A geladeira queimou e o prejuízo ficou para nós”, acrescenta.
Além dos problemas residenciais, estabelecimentos comerciais também enfrentam dificuldades devido às quedas de energia. Janete Zatt destaca o impacto em toda a cadeia de serviços. “Muitas mansões estão alugando geradores, mas as casas de rua ficam prejudicadas. Os comerciantes também sofrem com perdas. A gente vive uma situação que afeta todo mundo no verão”, comenta.
Questionada sobre os fios pendurados, a CEEE Equatorial afirmou que a responsabilidade pela manutenção e colocação das fiações é das empresas de telefonia e internet. A distribuidora ressalta que realiza interação com essas empresas, conforme estabelecido pela legislação.
CEEE Equatorial afirma que preparação para o verão iniciou há meses
Questionada sobre algumas das reclamações, a CEEE Equatorial informou que as ações de preparação para o Plano Verão 2025 iniciaram em outubro, com a manutenção preventiva de 8,6 mil reparos na infraestrutura de distribuição, mais de 146 hectares de limpeza de faixa, além de 12 mil manejos de vegetação próxima à rede (podas) e troca de até 100 postes por mês.
Além de reforçar as equipes no Litoral, a distribuidora está investindo R$ 28 milhões para melhoria da rede de distribuição nessa região durante o verão, o que contempla manutenção e obras para qualificar o fornecimento de energia, ampliação de subestações, apoio de subestações móveis em pontos estratégicos e revisão de circuitos, bem como a construção de alimentadores em Xangri-Lá, Tramandaí e Arroio do Sal.
Para proporcionar ao cliente um veraneio com abastecimento energético de qualidade, foram instalados novos religadores que facilitam o restabelecimento da energia em caso de queda, foi renovada a estrutura de alta tensão na subestação Atlântida e foi executada a lavagem das subestações do Litoral Norte contra a maresia para garantir o funcionamento da infraestrutura elétrica de forma segura e confiável.
Em relação aos fios de telefonia soltos, a CEEE Equatorial esclarece que às distribuidoras cabe atuar de acordo com a legislação federal e, dentre outras responsabilidades, aprovar previamente os projetos da utilização dos postes mediante solicitação das ocupantes e interagir com as empresas de telefonia e internet, que são responsáveis pela colocação e manutenção da fiação”, diz a empresa, em nota.