O partido Novo está próximo de anunciar seu ingresso oficial no governo Sebastião Melo (MDB), reeleito em Porto Alegre. A decisão está sendo construída internamente no partido e deve ser anunciada nos próximos dias.
O Novo é independente desde sua criação em Porto Alegre. Após conquistar sua primeira cadeira na capital gaúcha, em 2016, não ingressou em nenhum governo municipal. A situação ocorre também nas demais cidades. Ou seja, a agremiação jamais compôs uma gestão no Estado.
Durante o primeiro mandato de Melo, apesar de se posicionar de forma independente, o partido votou em diversas pautas conforme a orientação da base governista. A aproximação aumentou durante as eleições, quando o então candidato à prefeitura Felipe Camozzato anunciou apoio ao emedebista no segundo turno.
“Existe a possibilidade. Fomos convidados. Estamos avaliando internamente duas questões: que contribuições podemos dar, que autonomia teria… queremos fazer entregas, não apenas ocupar espaço. Outra questão é partidária: seria algo inédito no partido Novo do RS”, explica Camozzato.
A construção de um possível acordo está sendo feito internamente na legenda e envolve, além de Camozzato, a direção partidária e a bancada do Novo na Câmara, composta por Ramiro Rosário e Tiago Albrecht.
Os vereadores, que foram reeleitos para a próxima legislatura, preferem aguardar um posicionamento central do partido para se pronunciarem, mas admitem as tratativas.
“Temos bons quadros para contribuir com o município”, afirma Albrecht, enquanto Ramiro diz que a intenção seria “ajudar o governo a errar menos e acertar mais”.
O Novo, a partir de Camozzato, proferiu algumas críticas à atual gestão durante a disputa eleitoral. Parte do porto central da candidatura do deputado estadual era que Melo, Maria do Rosário (PT) e Juliana Brizola (PDT) eram “as velhas caras (que) não conseguem resolver”, enquanto ele seria o “nome pra mudança”, como cantava o jingle da campanha.
“Temos nossas críticas ao governo, tanto que apontamos o que tem de errado durante a campanha. Agora, estamos botando a mão na consciência no sentido de ‘será que nosso papel é só criticar e não atender quando chamados a ajudar’”, reflete Camozzato.
Ele relata ainda que a decisão será coletiva no partido, havendo uma forte salvaguarda em relação à autonomia que o partido teria no governo, caso aceite o convite e indique nomes para alguma secretaria.
Em parte, o convite de Melo ao Novo visa manter a credibilidade do discurso de desburocratização na prefeitura de uma ideologia liberal no governo – bandeiras reivindicadas pelo partido e que, durante o primeiro mandato, foram sustentadas pelo vice-prefeito Ricardo Gomes (sem partido), que será substituído pela militar Betina Worm (PL) a partir de 2025.