O resultado da inflação de setembro não surpreendeu o mercado. A alta da inflação já era esperada. Os fatores climáticos, com longos períodos de seca pelo país e chuvas fora de época no Sul – ainda sob reflexos das cheias em maio, no Rio Grande do Sul -, refletem diretamente na disponibilidade dos itens que puxaram esse aumento: a alta da energia, incremento de 5,63% em relação a agosto, e da alimentação, que subiu 0,5% no geral, puxada principalmente pelo preço da carne (2,97%) e das frutas (2,79%).
Para os analistas da XP, fica o desafio para as famílias que deverão buscar substituições no momento das compras no varejo e adotar práticas de economia de energia para as próximas semanas, “já que houve o avanço da bandeira vermelha de consumo para o chamado patamar 2 (R$ 7,877 por 100 kWh) em outubro”, avalia Renato Sarreta, líder regional da XP no estado.
Com variação muito próxima à mediana das projeções de mercado, o IPCA ampliou a divergência do acumulado em 12 meses em relação à meta perseguida pelo Banco Central, de 3% ao ano, chegando muito próximo o teto máximo. O resultado deve reforçar o tom de cautela para a política monetária.
Para a equipe do núcleo de economia do Banrisul, o resultado de setembro deve dar suporte adicional às expectativas de aceleração do ritmo de alta da taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne em novembro.
“Para além da aceleração do IPCA acumulado em 12 meses, parece relevante destacar que a difusão voltou a se elevar, mas, além disso, houve incremento nas altas acumuladas em grupos analíticos importantes, como de bens industriais (de 1,15% para 1,52%) e preços livres (de 3,77% para 4,06%), enquanto a medida de serviços subjacentes desacelerou, mas permanece em patamar elevado (de 5,07% para 4,74%)”, diz o documento do banco.
Para os analistas, o comportamento da inflação corrente deverá seguir contribuindo para uma atitude mais cautelosa da autoridade monetária em relação a suas atribuições, com elevada probabilidade de que a intensidade da próxima alta de juros seja maior e que, conforme a última revisão, a Selic deva alcançar 12% ao ano ao final deste curto ciclo de restrição monetária.