Fecomércio-RS traça cenário positivo para o Dia das Crianças

Preços dos brinquedos tiveram queda de 0,63% nos preços na Região Metropolitana de Porto Alegre

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Se por um lado a tragédia natural que atingiu o Rio Grande do Sul implicou a destruição líquida de mais de 30 mil postos de trabalho formais em maio e junho deste ano (dados Novo Caged), os dados de julho de 2024 apontam para um processo de recuperação com a contratação líquida de 6,7 mil trabalhadores formais. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Trimestral (Pnad) mostram que a massa salarial real dos trabalhadores do estado atingiu R$ 20,7 bilhões no segundo trimestre deste ano, com crescimento de 8,7% em relação ao mesmo trimestre de 2023, mesmo sem ter mudança no contingente total de ocupados estimado pela pesquisa.

Conforme avaliação da Fecomércio-RS, diante da tragédia, um montante expressivo de recursos (superior a R$ 10 bilhões) reforçaram a renda disponível das famílias. Além de novos recursos destinados como auxílio aos atingidos diretamente, também houve liberação de recursos na forma de FGTS (R$ 3,2 bilhões), restituição antecipada do imposto de renda (R$ 1,1 bilhão), antecipação de benefícios previdenciários (R$ 4,2 bilhões), antecipação do Bolsa Família e, também, parcelas extra de seguro-desemprego.

Por mais que uma parcela considerável desse excedente tenha sido e esteja sendo destinada especificamente para a reconstrução e recomposição das perdas – que fica evidente pelos dados de desempenho do varejo de móveis, eletrodomésticos, equipamentos etc – o efeito do reforço da renda das famílias transborda e também influencia a dinâmica de outros segmentos varejistas.

TRAGÉDIA 

Para além da conjuntura, outros dois aspectos com repercussão sobre a data também devem ser considerados com atenção pela avaliação. Um deles diz respeito ao impacto da tragédia sobre o conjunto de preferências dos consumidores, sobretudo no que diz respeito aos efeitos da mobilização diante do impacto das enchentes sobre as famílias. Esse fator, apesar de difícil mensuração, indica que as vendas para o Dia das Crianças podem ser impulsionadas a partir do engajamento de pessoas em iniciativas e campanhas de doação de brinquedos e presentes.

O outro aspecto importante tem um caráter estrutural: a demografia. A queda de fecundidade acentuada no estado (o RS tem a sétima menor taxa de fecundidade, tendo passado de 2,52 para 1,51 filhos entre 2000 e 2023) implica um contingente de crianças que diminui ano-a-ano. Dados das projeções populacionais indicam uma contração de 0,9% na faixa populacional de 0 a 14 anos em 2024 em relação a 2023. Em 10 anos, a redução foi de 8,9%.

Mesmo que estruturalmente o potencial de presentes ao longo do tempo no RS possa apresentar tendência declinante e anualmente exerça contribuição negativa sobre a data, o conjunto dos demais fatores dá suporte a uma expectativa positiva para as vendas no Dia das Crianças de 2024, sendo estimado crescimento real em relação às vendas de 2023. A própria dinâmica inflacionária neste ano se mostra mais favorável às compras típicas do Dia das Crianças, com preços dos brinquedos registrando quedas de 1,73% no Brasil e de 0,63% na Região Metropolitana de Porto Alegre no acumulado em 12 meses até agosto. A roupa infantil também teve uma evolução e preços mais favorável (0,49% no BR e 0,97% na RMPA) do que a dinâmica dos preços médios na economia.