A economia gaúcha registrou queda de 0,3% entre abril, maio e junho, período crítico das chuvas e enchentes que atingiram Estado, na comparação com o primeiro trimestre desta ano. Na comparação com o mesmo período de 2023, quando o Rio Grande do Sul sofria com a estiagem, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,6%.
Os dados do PIB, elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), foram divulgados nesta terça-feira, com a presença da titular da SPGG, Danielle Calazans.
Conforme a secretária, o trimestre apresentou diferentes realidades, iniciando com um mês de abril onde a economia estava muito bem, impulsionada pela indústria e pelo agronegócio, mas logo sofreu com a recessão imposta pela enchente em maio, e finalizou com indícios de retomada em junho.
“Este era um PIB muito esperado em função das dúvidas de como o Estado se comportaria após a catástrofe climática. Nós vamos precisar ver os próximos trimestres para entender qual foi o tamanho desse impacto. O que pode ter melhorado o resultado deste trimestre, evitando uma queda maior, foram as políticas públicas adotadas desde o início da tragédia, tanto pela iniciativa privada, como pelo Governo do RS e União. Mas, pelo tamanho da queda, foi uma notícia boa”, destacou.
O desempenho nos três grandes segmentos no período entre abril e junho apontou alta nas atividades ligadas à agropecuária (+5,3%), variação de 0,1% nos serviços e queda de 2,4% na indústria. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrou crescimento de 1,4%.
Em relação ao mesmo trimestre de 2023, a economia do Rio Grande do Sul cresceu 4,6%, puxada pelo desempenho da agropecuária (+34,6%). Na mesma base de comparação, a alta no PIB do país foi de 3,3%.
A indústria apresentou retração de 1,7% no segundo trimestre, influenciada pelo desempenho negativo de 6,5% da indústria de transformação, a principal do segmento. Das 14 principais atividades industriais, dez apresentaram queda, em especial a atividade de máquinas e equipamentos (-26,3%), produtos químicos (-10,9%) e produtos alimentícios (-5,1%). Com exceção da indústria de transformação, os demais setores registraram alta, com destaque para a eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (+37,9%).
Nos serviços, o Estado apresentou alta de 2,4% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2023. Entre os segmentos da área, o comércio puxou os números positivos, com alta de 5,1% no trimestre, seguido dos serviços de informação (+3,9%). Entre as dez principais atividades comerciais, seis tiveram desempenho positivo, em especial a de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebida e fumo (+12,1%), móveis e eletrodomésticos (18,8%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+9,7%).
“O governo tem trabalhado arduamente para a recuperação do Estado após os efeitos dos eventos meteorológicos que atingiram o território em maio. Após dois anos de estiagens e as inundações recentes, os números do PIB demonstram a resiliência da população gaúcha e auxiliam a orientar as políticas em desenvolvimento para superarmos este momento de dificuldades”, ressaltou Danielle Calazans.
Acumulado no ano
No acumulado do primeiro semestre do ano, o PIB do Rio Grande do Sul teve crescimento de 5,4% contra 2,9% do Brasil. A recuperação da produção agrícola em 2024 em relação ao ano anterior, ainda afetado por estiagem, marcou os números da agropecuária. Entre os principais grãos, houve crescimento de 43,8% na produção de soja e de 13,6% na de milho e variação de -0,3% na cultura de arroz. No mesmo período no Brasil, o segmento registrou queda de 2,9%. Nesta mesma base de comparação, a indústria gaúcha cresceu 0,2%, e os serviços, 2,7%.
“As enchentes causaram impactos significativos na economia gaúcha, resultando em quedas expressivas nas produções agropecuária, industrial e de serviços em maio. No entanto, a partir de junho, a produção industrial começou a se recuperar, a construção voltou a crescer, e as vendas no comércio atingiram o maior nível da série, sinalizando um movimento de retomada econômica, ainda que não generalizada para todas as atividades”, avaliou o pesquisador do DEE, Martinho Lazzari.