Antes de sua primeira viagem com a delegação, Braithwaite passou na rouparia para pegar as chuteiras com as quais faria os dois primeiros gols pelo novo time. Um com cada pé. No gol contra marcado antes diante do Cuiabá, no sábado, a bola bateu no corpo do dinamarquês, a maior atração do atual vestiário Tricolor. O personagem da vitória que afastou mais um pouco o Grêmio da zona de rebaixamento se credencia para ser titular na Libertadores. “É uma dor de cabeça que eu gosto de ter. É melhor ter bastante opções do que não ter”, disse Renato Portaluppi sem antecipar qual centroavante irá escalar contra o Fluminense, nesta terça-feira.
A surpresa de que o par de chuteiras àquela altura estava em um dos baús cuidadosamente preparados pelos roupeiros a caminho do aeroporto é uma das adaptações que o centroavante vem passando desde que chegou ao Brasil. A principal delas, claro é a língua.
“O futebol brasileiro é diferente. Na Europa, há mais intensidade, mas aqui é mais técnico. Os jogadores driblam e controlam a bola com mais facilidade. É diferente”, disse na saída do campo em um esforçado portuñol de fácil compreensão. Internamente é assim também que Braithwaite tem procurado se comunicar. Com um grupo recheado de estrangeiros, a língua espanhola é compreendida por todos. Uns mais, outros menos, ainda que pelo WhattsApp ele utilize somente o inglês para falar com companheiros, dirigentes e funcionários.
O staff gremista também “se adapta” ao dinamarquês. O convívio no CT Luiz Carvalho foi curto, de poucos dias, pois ultimamente o Grêmio mais viaja do que treina, mas chamou atenção que mesmo com treino pela manhã, ao final da tarde o atacante foi visto na academia. Quando um jogador fica longo tempo da carreira na Europa um comportamento diferente sempre é encarado como profissionalismo.
Anunciada no final de julho, a contratação causou surpresa ao público dada a aleatoriedade da origem inédita para um clube do sul do país. No entanto, como trata-se de um centroavante, assim como o goleiro, há características intrínsecas à função que fogem aos dados que eventualmente possam ter balizado a pesquisa para trazê-lo. Como comentou um membro do staff gremista ao saber que o novo colega, além de um jogador de carreira europeia em busca de novas experiências, é também um bilionário. “Ele só pode ser louco!”, comemorou aos risos.