A madrugada desta quinta-feira reservou uma conquista inédita para o Brasil em Jogos Olímpicos. Em Paris, Caio Bonfim conseguiu a medalha de prata na marcha atlética de 20 quilômetros.
A prova serviu para inaugurar o atletismo nesta edição dos jogos.
Os Jogos de Paris é a quarta edição do evento em que Caio compete. Nesta quinta, ele cobriu o trajeto em 1h19min09, ficando atrás apenas do equatoriano Brian Daniel Pintado, campeão com 1min18s55. O espanhol Alvaro Martin completou o pódio.
“Medalha no Brasil, na marcha atlética, não tem cor. Quando eu passei a linha de chegada no Rio, eu pensei se teria outra oportunidade de disputar os Jogos. Tive muito orgulho daquele quarto lugar. Abriu muitas portas. Na minha cidade, brinco que antes da Rio 2016 eu era xingado quando marchava. Depois de lá, mudou. As buzinas vinham seguidas de ‘vamos, campeão’. Quando meu pai me chamou para marchar pela primeira vez, eu fui muito xingado naquele dia. Era muito difícil ser marchador”, disse.
Ritmo forte
O brasileiro disparou na primeira das 20 voltas no circuito construído no Trocadéro e chegou a abrir sete segundos de margem para os adversários. O pelotão dos líderes encostou depois, mas Caio não deixou o grupo em momento algum e se manteve firme entre os cinco primeiros. Brian Pintado disparou em determinado momento rumo à vitória.
Para Caio, não importava. Concentrado na própria prova, seguiu marchando rumo à linha de chegada para um resultado histórico coroar toda a sua trajetória, todo o suor que deixou no asfalto da pequena Sobradinho ao longo de anos de treinos e dedicação. O filho de Gianetti e João hoje, aos 33 anos, pode contar para os próprios filhos: quem espera e – trabalha duro por isso – sempre alcança.
Dedicação premiada
Caio Bonfim já havia se aproximado da medalha nos Jogos Rio 2016, quando terminou a prova da marcha na quarta posição, até então o melhor resultado para o Brasil na prova. Em Londres (2012), sua estreia olímpica, ele passou mal e não completou o percurso. E em Tóquio (2021), o brasiliense terminou na 13ª colocação. O marchador também tem no currículo duas medalhas de bronze em mundiais de atletismo (2017 e 2023), além de três medalhas na prova individual em Jogos Pan-Americanos (prata em 2019 e 2023, bronze em 2013).
O pódio olímpico coroa o trabalho de uma vida inteira dedicada à marcha atlética. Caio começou no esporte muito cedo, inspirado pela mãe, Gianetti Sena Bonfim, que era atleta da modalidade e se tornou sua treinadora. O pai, João Bonfim, também é técnico de marcha atlética. A família Bonfim é responsável pelo Centro de Atletismo de Sobradinho, projeto social que forma novos atletas no Distrito Federal.
Prova feminina
A competição feminina da marcha atlética também foi disputada hoje, com a participação de 45 atletas. As brasileiras não conseguiram medalhas. A melhor colocada foi Erica Sena, que terminou na 13ª posição. Viviane Lyra cruzou a linha de chegada na 18ª colocação. O ouro foi para chinesa Jiayu Yang, com o tempo de 1h21min47. A prata ficou com a espanhola Maria Perez e o bronze com a australiana Jemima Montag.
Na quarta-feira (7) ocorrerá o revezamento misto da marcha atlética, competição que aparece pela primeira vez no programa dos Jogos Olímpicos. Na prova, um homem e uma mulher se alternam em percurso de 10km de marcha, totalizando no final 42,195 km, a distância de uma maratona. O Brasil será representado por Caio Bonfim e Viviane Lyra.