Prédio em Porto Alegre onde estão vítimas de enchente tem luz cortada após suspeita de furto de energia

Mais de 45 famílias estão no antigo Hotel Arvoredo, no Centro Histórico, desde maio

Famílias estão no antigo Hotel Arvoredo desde o dia 26 de maio | Foto: Mauro Schaefer / CP Memória

A luz foi cortada no antigo Hotel Arvoredo, localizado na rua Coronel Fernando Machado, no Centro Histórico de Porto Alegre. O fato ocorreu no início da madrugada desta quarta-feira, após denúncias sobre furto de energia elétrica, infração que é popularmente conhecida como “gato”. No interior da estrutura, que está abandonada há 12 anos, vivem mais de 45 famílias que perderam a casa nas enchentes de maio.

De acordo com a Brigada Militar, o desligamento ocorreu próximo às 0h30min. Não houve resistência ao procedimento, que foi realizado de maneira pacífica. Ninguém foi preso.

Carlos Eduardo, conhecido como Dunga, de 43 anos, está no prédio com a esposa e mais quatro filhos, de 14, 15, 18 e 20 anos. Antes de ir para o antigo hotel, a família morava no bairro Sarandi, na zona Norte, em uma das áreas que foi devastada por extravasamento em dois pontos de um dique.

Ele reconhece que houve desvio de energia elétrica, mas justifica que isso ocorreu em nome do bem-estar de crianças e idosos que estão no imóvel.

“Nossa intenção nunca foi simplesmente fazer ‘gato’. Queríamos o bem de todos, principalmente das mais de 15 crianças que estão no imóvel, além das pessoas idosas. Antes disso, após mais de um mês sem luz, nos foi emprestado um gerador a gasolina. Ocorre que não tínhamos condições de comprar combustível, então foi preciso abrir mão do equipamento. Não sei o que faremos agora”, lamentou o homem.

Ainda conforme Dunga, a população no imóvel abandonado soma moradores dos bairros Sarandi e Humaitá, na Capital, além de pessoas vindas de Eldorado do Sul, na região Metropolitana. Ele reforça que não houve resistência ao corte de luz na estrutura.

“A BM realizou o procedimento, enquanto nós observávamos das janelas do prédio. Não queremos confronto nem confusão com ninguém. Nosso objetivo é apenas conseguir moradia para nossas famílias”, ponderou.

O grupo está no antigo Hotel Arvoredo desde o dia 26 de maio. No entanto, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) determinou, em 12 de junho, um prazo de 60 dias para a desocupação voluntária da estrutura.