A Unesco, em parceria com a Secretaria da Cultura (Sedac) e o Ministério da Cultura, lançou nesta quarta-feira, uma missão internacional de emergência para avaliar os danos causados pela recente enchente aos bens culturais e arquivos do Rio Grande do Sul. O evento realizado no Palácio Piratini, contou com a presença do governador Eduardo Leite, da secretária da Cultura, Beatriz Araujo, e da diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
A missão, financiada pelo Fundo de Emergência do Patrimônio da Unesco, incluirá a historiadora e arqueóloga Andrea Richards, de Barbados, e o socorrista cultural Samuel Franco, da Guatemala. Os especialistas permanecerão no estado até 19 de julho, e as ações de recuperação se estenderão até dezembro.
Durante o evento, Marlova destacou a importância da missão e explicou que as equipes da Unesco vêm para somar o trabalho aos técnicos locais, levando em conta esses pedidos que já foram feitos localmente. “A nossa equipe tem trabalhado junto com o Eduardo (Leite) para já termos um primeiro diagnóstico. Localmente, vamos complementar esse diagnóstico, fazer uma avaliação e apontar algumas sugestões. Cada tipo de acervo exige um tratamento específico”, disse.
O governador Eduardo Leite enfatizou o processo de recuperação. “A partir desse trabalho de diagnóstico, já foram feitos levantamentos detalhados. Os especialistas se debruçarão sobre cada item, identificando as necessidades e melhores processos para recuperação. Trabalhamos também com equipes locais que serão capacitadas. Esse processo pode envolver recursos públicos, patrocínios e fundos, dependendo de cada item. O Banrisul, por exemplo, já fez uma doação de R$ 15 milhões para recuperar instalações culturais”, destacou.
Além disso, serão montadas oficinas de capacitação online para treinar especialistas e voluntários, permitindo que pessoas em todos os municípios do estado possam contribuir no processo de recuperação. “O Rio Grande do Sul foi atingido quase na sua totalidade. Capacitar todos os municípios é fundamental para a continuidade dos esforços de recuperação”, ressalta Marlova.
Ela destaca, ainda, que serão montadas oficinas de capacitação online para treinar os voluntários. “Temos que destacar a solidariedade, a resiliência e o engajamento das pessoas. Então, nós vamos além de treinar especialistas, treinar os voluntários para que eles possam continuar contribuindo nesse processo”, concluiu.
Já a secretária de Cultura, Beatriz Araujo, apresentou alguns dos números já levantados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), em relação aos locais atingidos pelas enchentes e que precisarão destes trabalhos de recuperação.
Ao todo, são 154 bens tombados presentes em 60 cidades. Em 19 cidades, em estado de calamidade pública, estão sediados 72 bens tombados. Em 38 cidades, em situação de emergência, estão localizados outros 78 bens tombados. Em três municípios afetados, mas que não estão em situação de calamidade pública e nem em situação de emergência, quatro bens tombados foram afetados.
“Neste levantamento todo, com bastante precisão, nós temos os equipamentos culturais que foram afetados, com a situação de cada um. O levantamento inicial dos municípios em termos de custo para a recuperação. Eu acho que ele é bastante útil para que nós possamos desenvolver as políticas públicas que serão destinadas a esses municípios”, afirmou Beatriz.