A água voltou a subir, nesta segunda-feira, na Ilha das Flores, em Porto Alegre. Há moradores da na rua dos Eucaliptos que permanecem em casa, mesmo após terem perdido quase tudo na enchente. Outros estão em barracas de lona, no entorno da BR 290, desde o início de maio.
O grupo que segue na beira da estrada há mais de 40 dias soma 15 pessoas, sendo cinco famílias. Acampados sobre a lama, eles têm sido alvo do frio e da chuva. Ali, o alimento é preparado em fogos de chão e dividido com cães e gatos no entorno.
Ivanor Paiano, de 38 anos, trabalhava com eventos antes do dilúvio. Ele mora sozinho em um dos barracos próximos à freeway desde que perdeu a casa no dilúvio.
“Nunca tinha passado por algo assim. A Ilha das Flores costuma alagar, mas não na intensidade que foi registrada. Perdi tudo, não tenho mais para onde ir”, lamentou o homem.
No auge da enchente, o nível da água ultrapassou três metros. Nesta segunda-feira, o alagamento chegou na linha da cintura.
Poças se formam embaixo das casas que ficam erguidas na rua dos Eucaliptos. A inundação também acumula montes de mobílias que foram perdidas na água e pilhas de lixo que a correnteza arrastou.
A doméstica Nair Florêncio, de 53 anos, reside com o marido em uma das casas na localidade. O pátio do imóvel ficou com a aparência de uma lagoa após a água subir novamente. No interior da residência, apenas restou apenas um fogão.
“A pior parte é durante a noite. Fica tudo escuro e a gente só consegue enxergar água por todos os lados. É angustiante”, descreveu ela.