A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 0,5% em junho, descontados os efeitos sazonais. Esse é o terceiro resultado positivo consecutivo do índice, divulgado nesta sexta-feira, 21, e apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é o menos intenso do período. Na comparação com junho de 2023, o aumento foi de 5,1%. A ICF está em 102,2 pontos, na zona de otimismo.
O subindicador que mede a satisfação dos consumidores em geral com o acesso ao crédito não apresentou variação no mês, permanecendo estável devido aos desafios do mercado de crédito. Em junho, 31,4% dos entrevistados consideraram mais fácil o acesso ao crédito, o mesmo percentual de maio. Por outro lado, a fatia de consumidores que consideraram o acesso mais difícil aumentou para 37,8%, a maior desde julho de 2023 (quando o percentual chegou a 37,9%).
A ICF cresceu em ambas as faixas de renda analisadas, com maior intensidade nas famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos (alta de 0,6%). Entre as famílias com renda acima de 10 salários mínimos, o aumento foi de 0,2%. A satisfação com o acesso ao crédito, no entanto, seguiu caminhos diferentes entre as faixas de renda: aumento de 0,8% nas famílias de maior renda e redução de 0,3% naquelas com menor renda.
“A necessidade de equilibrar o crédito, a manutenção da inadimplência e a incerteza no mercado de trabalho levam as famílias a serem mais cautelosas com seu consumo”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. Ele destaca que, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também apurada pela CNC, a inadimplência entre os mais pobres não diminuiu significativamente, complicando o acesso ao crédito.
CAUTELA
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explica que, apesar da queda da taxa média de juros de abril de 2023 até este mês, o indicador de inadimplência da carteira de crédito com recursos livres às pessoas físicas não reduziu, mantendo-se próximo a 5,5% desde o início do ano. “Isso evidencia o dilema dos consumidores entre fazer novas dívidas e pagar as já existentes”, avalia Tavares. A ICF apontou que o subindicador de avaliação do consumo atual das famílias cresceu mais que a perspectiva de consumo tanto na análise mensal quanto na anual, reforçando a cautela para o próximo semestre.
Conforme o economista-chefe da Confederação, o consumo vem sendo influenciado positivamente pelo mercado de trabalho, que avançou 3,8% em 12 meses até abril, apesar da desaceleração nos últimos dois meses. Com isso, o subindicador que mede a satisfação com o emprego atual avançou 3,6% na comparação anual, enquanto a perspectiva profissional caiu 2,3%, refletindo uma atitude de prudência dos consumidores quanto ao futuro.
Com as condições atuais do mercado de trabalho aquecidas e o acesso ao crédito mais seletivo, as famílias avaliaram positivamente o nível de consumo atual, sendo este o subindicador que mais subiu em junho (alta de 1,5%). A perspectiva de consumo cresceu 0,9% no mês e 3,8% no ano, taxas menores do que as apresentadas em maio. Apenas 36,5% dos consumidores esperam aumentar seu consumo, a menor quantidade desde janeiro de 2023, enquanto aumentou o percentual que pretende reduzir suas compras.