Não há um número oficial, mas as casas destruídas, e mesmo as poucas já recuperadas, indicam que os moradores das Ilhas de Porto Alegre não conseguiram retornar para casa. Um mês e meio após a pior enchente da história, a população que habita a região mal conseguiu realizar a limpeza do que sobrou e já sofre com os impactos de novas inundações.
O Guaíba voltou a subir nesta quarta-feira e, a depender dos próximos dias, nem mesmo uma evacuação preventiva está totalmente descartada. Há previsão de mais chuva e risco de elevação da água na região, de acordo com a prefeitura da Capital.
Hoje a água tornou a avançar sobre casas na Ilha da Pintada. Trechos das ruas Capitão Coelho, Nossa Senhora da Boa Viagem e Presidente Vargas registraram alagamentos durante a manhã. O mesmo ocorreu na vizinha Eldorado do Sul, com parte da rua Martinho Poeta inundada.
“Estamos tomando todas as precauções necessárias para garantir a segurança da população. Transporte e vagas em abrigos estão reservados para aqueles que precisarem ser removidos de suas casas”, afirma o diretor da Defesa Civil, Evaldo Rodrigues Junior.
Um carro da prefeitura circula pela Ilha da Pintada e pela Ilha Mauá, solicitado que os moradores deixem estas regiões. O pedido é para que se abriguem temporariamente em casas de amigos ou parentes em áreas fora de perigo.
De acordo com o município, equipes permanecerão em alerta enquanto houver risco elevado de alagamentos. Desta forma, uma força-tarefa composta por Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e fuzileiros navais da Marinha do Brasil estão de prontidão.
Nesta manhã, a Marinha efetuou o resgate de pelo menos três famílias. “Estamos mantendo 30 fuzileiros navais, três embarcações e duas viaturas pesadas, que são próprias para esse tipo de ação em enchentes”, detalhou o comandante do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais em Apoio à Defesa Civil do RS, Capitão de Mar e Guerra, Carlos Eduardo Gonçalves da Silva Maia.
A missão, que integra as ações da Operação Taquari 2, foi montada no fim de semana e tem como base a Escola Almirante Barroso. “Pelo tempo que precisar, estaremos presentes. Os nossos meios estão à disposição da população”, garantiu o oficial da Marinha do Brasil.
Ainda assim, algumas pessoas optaram por continuar na região. O pescador Ricardo Santana Santos, 23 anos, diz que prefere evitar saques. “Se a água chegar mesmo, eu saio”, alega.