O nível da água recuou para 10,3 metros e, apesar da chuva nesta quarta-feira, ainda está abaixo da cota de inundação, que é de 10,5 em São Sebastião do Caí. O rio permanece no leito após, no início da semana, ter invadido cerca de oito quarteirões na área central do município.
Além de alguns pontos inundados, não há mais quadras submersas no município. No entanto, o rastro de destruição toma conta da vista de quem caminha por ruas onde o fluxo do Rio Caí passou.
Quase todos os moradores do bairro Navegantes precisaram sair de casa. A região ainda acumula lixo e residências em destroços, o que intensifica ainda mais a sensação de melancolia no local.
Apesar da movimentação quase inexistente de pessoas, uns poucos moradores transitam entre as ruínas do que já foi chamado de lar em um período distante.
Uma mulher figurava em meio à escassez de residentes na rua Coronel Paulino Teixeira. O nome dela é Bernardete Flores, de 63 anos. Ela está alojada no imóvel de uma prima, em uma área seca em São Sebastião do Caí, mas retorna com regularidade ao que sobrou da antiga casa, na esperança de recuperar algo que a enchente não levou.
Dona Bernardete conta que, na mesma residência em que morava, também geria um salão de beleza.
Desde novembro do ano passado, o empreendimento e a casa já foram destruídos duas vezes por dilúvios. O alto preço dos aluguéis impede que ela reabra o salão em outro local.
“Ainda pretendo reconstruir o salão de beleza pela terceira vez, no mesmo lugar. Depois das enchentes, o preço dos aluguéis começou a encarecer. Além disso, também restam poucos imóveis intactos. Não tenho dinheiro e preciso trabalhar, não há outra opção além dessa”, afirmou a proprietária.
São Sebastião do Caí acumula 509 moradores desabrigados. São quase 170 famílias divididas no Ginásio do bairro São Martim, no salão paroquial na Igreja da Conceição, no Centro Comunitário Vila Progresso, no abrigo do Parque Centenário, na
Associação Moradores do bairro Quilombo e na Escola José Bennemann.
De acordo com a prefeitura o número de pessoas em alojamentos municipais é resultado da soma de quem saiu de casa no início da semana com mais outros 150 moradores que permanecem desabrigados desde o enchente no início de maio, quando a água chegou a 18 metros.